Aeroporto de Porto Alegre suspende operações por tempo indeterminado por causa das chuvas

Foto: Carlos Macedo/AP

O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, suspendeu por tempo indeterminado todas as operações de pousos e decolagens em razão das fortes chuvas que atingem o Estado do Rio Grande do Sul desde o começo da semana. O aviso foi informado pela Fraport Brasil, empresa que administra o aeroporto, na noite desta sexta-feira, 3.

“A Fraport Brasil – Porto Alegre informa que, devido ao elevado volume de chuvas que atingem o Rio Grande do Sul nos últimos dias, e para garantir a segurança de funcionários e passageiros, as operações de pouso e decolagem estão suspensas no Porto Alegre Airport, por tempo indeterminado. Aos passageiros, pedimos que entrem em contato com a sua companhia aérea para mais informações sobre os seus voos”, informou em nota.

No início da noite de sexta, a Latam informou que todos os voos feitos pela companhia partindo e chegando a Porto Alegre, até sábado, 4, às 12h, foram cancelados por conta das fortes chuvas. O trajeto entre em Caxias do Sul e Passo Fundo segue normalmente, afirmou a Latam, mas existe a possibilidade de mudanças em razão dos temporais.

Em nota, a companhia orienta que os passageiros “evitem se deslocar para o Aeroporto Salgado Filho” e que consultem com antecedência o status dos voos de e para Caxias do Sul e Passo Fundo no site da empresa.

“A companhia reforça que está oferecendo flexibilidade comercial para quem tem voos até o domingo, 5 de maio, de/para as localidades. A autogestão para alterações de data ou voo, sem multa ou diferença tarifária, pode ser realizada diretamente em latam.com na seção ‘Minhas Viagens’.”

A Gol já havia informado nesta semana que os clientes poderiam remarcar os voos chegando ou partindo dos aeroportos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina até o dia 31 de maio. A medida vale para os aeroportos localizados nas cidades de Porto Alegre, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Santo Ângelo (no Rio Grande do Sul), e Chapecó, em Santa Catarina.

O comunicado, publicado na última quarta-feira, informa ainda que os passageiros interessados em remarcar o voo deverão deixar o valor da passagem em crédito com a companhia. A Gol garantiu que não haverá cobrança da taxa de cancelamento, e os clientes também ficarão isentos de pagar a taxa de remarcações.

Em um breve comunicado, feito às 20h40 desta sexta, a companhia Azul cancelou os voos e pediu aos passageiros para não irem ao aeroporto e que aguardem a empresa entrar em contato.

“Atenção: devido a situação meteorológica do Rio Grande do Sul estamos cancelando voos. Não vá para o aeroporto. Aguarde atualizações e nosso contato”, disse a companhia.

Nas redes sociais, passageiros relataram a situação de terem os voos cancelados. A interrupção das operações provocou dúvidas também nas pessoas que estavam em outros aeroportos e que iriam viajar para o Rio Grande do Sul.

“Em Viracopos, voo da Azul para P. Alegre foi cancelado. No momento, muitos passageiros não sabem para onde terão que ir ou o que terão que fazer”, relatou um usuário no X (antigo Twitter), por volta das 18h30.

Outro passageiro, que estava no aeroporto Salgado Filho quando os voos foram suspensos, disse que a situação no local ficou um “caos”. “Eu estava lá (aeroporto Salgado Filho) agora, um caos total. A confirmação é de que foi tudo cancelado sem previsão de retorno, provavelmente só segunda”, disse, em resposta a outro usuário na mesma rede social”.

Capital gaúcha viu situação se agravar nesta sexta

O cenário de inundações começou a se agravar nesta sexta-feira, 3, na capital gaúcha. A estimativa é que o Guaíba chegue a 5,5 metros entre esta sexta-feira, 3, e o sábado, 4, o que é quase o dobro da cota de inundação. Há o temor de que possa colapsar o sistema de contenção contra cheias da cidade (que envolve comportas, muro, vias elevadas e bombeamento de água).

A recomendação é ampliar a evacuação assim que o Guaíba chegar a 5 metros, o que poderia ocorrer ainda nesta sexta-feira, 3. Por enquanto, a prefeitura recomendou a saída da população do centro histórico, das ilhas e do 4º Distrito — antiga área industrial que abrange os bairros Floresta, Navegantes, Humaitá, São Geraldo e Farrapos. Bloqueios foram feitos em alguns acessos. Também foram retirados moradores de outros pontos da cidade.

O mapa abaixo, elaborado pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mostra as áreas com maior potencial de serem atingidas pelas águas caso o sistema de controle de enchentes entre em colapso. A projeção considerou as áreas afetadas na então maior enchente da cidade, de 1941 (na cor roxa).

Governo prioriza resgate em áreas isoladas; mortes chegam a 56 no Estado

Com mais de 8 mil resgatados de bote, helicóptero e caminhões, ainda há pessoas isoladas em diferentes localidades do Rio Grande do Sul após a chuva extrema registrada nos últimos dias. Em coletiva de imprensa, a Defesa Civil declarou que a prioridade será chegar àqueles que estão isolados e há mais de 72 horas sem alimentação e água.

Os cerca de 170 bloqueios estão entre as maiores dificuldades de acesso a diversas localidades, especialmente na região central, na Região dos Vales e na Serra Gaúcha. “Ainda há muito estrago, dificuldade para acessar e pessoas a resgatar”, disse o governador Eduardo Leite (PSDB). Com o solo encharcado, áreas também estão em risco de deslizamento, mas o Estado avalia que melhores condições climáticas vão permitir acesso maior à população a partir do sábado, 4.

O balanço das 9 horas deste sábado aponta 56 mortes e 67 desaparecidos, mas o governador alertou que o montante possivelmente aumentará. “Esses números podem subir substancialmente ao longo dos próximos dias, à medida que a gente consiga acessar as localidades e possa ter a identificação de outras vidas perdidas”, afirmou.

Com informações de Estadão.

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