O Shopping JK Iguatemi, um dos mais luxuosos de São Paulo, fechou as portas neste sábado, às 13h45, para evitar que manifestantes entrassem no local.
Em plena hora de almoço, seguranças não permitiam que ninguém entrasse ou saísse. O protesto, em apoio aos “rolezinhos”, foi promovido pelo movimento social Uneafro. Havia cerca de 150 pessoas (veja vídeo abaixo).
Em coro, os manifestantes pediam para entrar no shopping, alegando se tratar de um direito constitucional. Eles disseram que entrariam sem bandeiras e sem tumulto.
Como o JK manteve as portas fechadas, uma comissão de manifestantes seguia para o 96ºDP, no Itaim-Bibi, para registrar boletim de ocorrência por “constrangimento ilegal”.
“O shopping estava aberto antes de chegarmos. Só fecharam as portas porque viemos para cá. Isso é constrangimento ilegal. Quem está cometendo o crime são eles, não nós”, afirmou o advogado Elizeu Soares Lopes, que representa as entidades que participam da manifestação.
Segundo a assessoria de imprensa do JK, o shopping decidiu fechar para “garantir a segurança de lojistas, funcionários e clientes”.
O funcionamento interno segue normal, segundo o centro de compras. Na sábado passado, o shopping havia conseguido liminar na Justiça para impedir encontro de jovens organizado pelas redes sociais.
Por volta das 15 horas, havia menos manifestantes na entrada do shopping porque vários manifestantes foram à delegacia registrar o boletim de ocorrência. Os presentes tocavam bateria para “segurar” o protesto.
As vendedoras da loja de roupas Farm Nicole Martins, de 18 anos, e Débora Carvalho, 23, chegaram ao Shopping JK Iguatemi para trabalhar, mas o encontraram fechado. As duas acreditam que haja racismo na decisão de fechar as portas.
Com os “rolezinhos” marcados para o fim de semana, os shoppings centers da capital reforçaram seus esquemas de segurança para impedir tumultos.
A restrição de acesso a jovens da periferia que marcam grandes encontros em shopping foi alvo de polêmica durante a semana.
Enquanto juristas se dividem sobre a legalidade em barrar a entrada de parte dos clientes, movimentos sociais acusaram os centros de compra de discriminação social e racial.
A assessoria de imprensa do Shopping Center Norte, na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo, informou que a segurança foi reforçada para acompanhar a movimentação dos jovens, mas não haveria fechamento das lojas. A infraestrutura do local, segundo a assessoria, é suficiente para acomodar grande número de pessoas.
Na quinta-feira, a 4.º Vara Cível do Fórum Regional de Santana concedeu liminar favorável ao centro de compras contra os “rolezinhos”. De acordo com a juíza Fernanda de Carvalho Queiroz, autora da decisão, a página de organização do evento no Facebook incitava “a prática de crimes e contravenções penais”. O shopping informou que acionaria oficiais de Justiça apenas em casos de tumulto.
A Justiça de São Paulo também vetou na quinta-feira três “rolezinhos” programados pelas redes sociais nos shoppings Metrô Tatuapé e Metrô Boulevard Tatuapé, na Radial Leste, na zona leste. O primeiro estava marcado para ontem. Os próximos para os dias 26 de janeiro (sábado) e 22 de fevereiro (domingo). A assessoria de imprensa do complexo de compras informou que o funcionamento era normal e que a segurança foi orientada sobre o evento.
A liminar (decisão provisória) foi dada pelo juiz Luis Fernando Nardelli, da 3.ª Vara Cível do Fórum Regional de Tatuapé, na zona leste. “É de rigor estabelecer o limite e impedir a aglomeração de pessoas cujo objetivo precípuo é a realização de tumulto e vandalismo”, disse, após ação movida pela empresa que controla os shoppings anexos à estação de metrô. Um oficial de Justiça foi designado para citar os manifestantes que realizarem qualquer tipo de tumulto no local que pertence ao Complexo Comercial do Tatuapé.