Lá se vão pelo ralo mais de R$ 100 milhões pagos pelo governo do Amazonas, segundo denúncia do ex-secretário Estadual de Infraestrutura (Seinfra), engenheiro civil Gilberto Alves de Deus, por obras “fantasmas”.
Em entrevista concedida, sexta-feira, 30, a um grupo de jornalistas, Gilberto Alves relatou, detalhadamente, a sua trajetória de amizade com o governador José Melo, que remonta a 1995, e disse que já não conhece mais o ex-amigo que, ao assumir o governo do Amazonas, perdeu a humilde e que, hoje, convive com com o escândalo com naturalidade.
“O governo pagou com antecipação indevida, por obras não realizada, à antecipado à empresa CR Almeida S/A, responsável pela obras construção do Monotrilho, pagou pelas obras inexistentes da Ponte do Pera, em Coari (AM), e de tantas outras que constarão de um relatório que será entregue às autoridades competentes do país”, comenta.
Em suas declarações, registradas, inclusive, em vídeo, consta que Gilberto Alves de Deus pediu exoneração do cargo, confirmada, terça-feira, 27, por não concordar com tantas irregularidades identificadas na sua curta passagem pela Seintra, e que, segundo ele, o governador José Melo (PROS), faz vistas grossas.
Quanto ao Monotrilho, uma obra orçada em R$ 1,4 bilhão jamais realizada, o engenheiro afirmou com todas as letras que a CR Almeida S/A já recebeu cerca de R$ 26 milhões embora nada tenha feito de concreto para justificar o pagamento.
“São muitos os escândalos que contaminam o governo do Amazonas e toda a sua estrutura administrativo-financeira. Além do Monotrilho, evidencia-se, também, a Ponte do Pera, em Coari, que o então governador Omar Aziz assinou a ordem de serviço e José Melo deu continuidade com o pagamento de 90% da obra, que se encontra, praticamente,na estaca zero”, denuncia.
A Ponte do Pêra, que faria a ligação do centro de Coari com os do Pera I, II, III e IV, e, ainda, com o bairro do Chagas Aguiar, teria sete vãos de 33 metros cada, totalizando 231 metros de extensão, com tabuleiro de doze metros de largura, duas faixas para a circulação de veículos, com 4,5 m de largura cada uma e duas faixas destinadas aos pedestres, sendo que estas teriam 1,46 m de largura. Ela seria construída em estrutura mista em concreto com partes metálicas.
Um belo projeto para inglês ver, infelizmente. Os cinco bairros que deveriam ser interligados pela ponte só não estão no isolamento porque a velha ponte de madeira, lá construída, ainda não caiu.
Enquanto isso, segundo o engenheiro civil Gilberto Alves de Deus, a MCW Construções Comércio de Terraplanagem Ltda já recebeu, generosamente, dos cofres públicos do estado, R$ 9 milhões de um total R$ 11 milhões, contratados para a realização da obra.
Outra irregularidade apontada por Gilberto de Deus diz respeito as contrações da Laghi Engenharia e a Egus Consult Engenharia e Projetos LTDA, responsáveis por 80% dos projetos da Seinfra.
De acordo com o engenheiro a Egus Consult Engenharia e Projetos LTDA é dona de um contrato de R$ de R$ 175 milhões com o governo do estado dos quais R$ 100 milhões já foram recebidos por projetos e fiscalizações.
Gilberto de Deus assumiu a Seinfra no dia 1º de outubro, no lugar de Waldívia Alencar, exonerada na última reforma administrativa do governo. Ele ficou apenas 27 dias no cargo.