Na manhã do dia 06 deste mês, um sábado sombrio, cabuloso, com cheiro de ardil, policiais do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), armados até o gogó, invadiram a modesta residência do estudante Hinaldo de Castro Conceição, 20 anos, localizada na Rua Igaraçu, Amazonino Mendes, na Zona Norte de Manaus.
Invadiram para constranger o estudante que jogou notas falsas de R$ 100 contra o governador José Melo e confiscar computadores, celulares para bisbilhotar seus conteúdos por determinação do juiz Elizer Fernandes Júnior.
Isso mesmo, Elizer Fernandes Júnior, o magistrado que publicou na sua conta no Instagram uma foto, fagueiro, abraçado com o vice-governador do estado do Amazonas, Henrique Oliveira.
Os dois – o magistrado e o vice-governador – como escreveu o juiz na legenda da foto, estavam no sambódromo, felizes e, é claro, usufruindo as mordomias patrocinadas pelo poder público às mais altas patentes do estado e aos amigos do poder nesses períodos festivos.
Nada contra o descontraído e ardoroso amplexo – abraço fica melhor e menos fora de moda. Afinal de contas, abraçar não é contra o decoro e a moralidade pública, como comprar votos. O abraço é, indiscutivelmente, um dos mais nobre gesto de amizade.
Agora, convenhamos, usar as redes socias para tornar público, sem a menor necessidade (ou teria?), que é amigo do vice-governador Henrique Oliveira, no atual contexto político não é nada prudente.
Basta lembrar, de novo, o que não é demais, que foi o juiz Eliezer Fernandes Junior que autorizou à polícia a invadir a casa do estudante que, em protesto à compra de votos nas eleições de 2014, jogou contra o governador notas falsas de R$ 100.
Será que uma simples manifestação de repúdio, igual a registrada no segundo semestre de 2015, para o Brasil e o Mundo, na Câmara dos Deputados contra Eduardo Cunnha, por exemplo, é suficiente para um juiz autorizar que a casa de um inquieto jovem fosse vasculhada?
Como diria William Shakespeare “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”.
Muitas vezes uma abraço é suficiente para responder a muitas indagações.