A podridão lamacenta que elegeu José Melo governador do Amazonas nas eleições de 2014 explodiu, fétida, como um tumor maligno, depois de mais de um ano escondida como uma espécie “segredo de estado” para camuflar a maior vergonha política produzida na história do Amazonas sob os auspício de um menino “humilde” saído da escuridão dos seringais do Juruá.
Na semana passada, um farto e consubstanciado relatório, produzido pelo delegado da Polícia Federal (PF), Franco Perazonni, não só desmistifica a imagem “santificada” de José Melo, massificada a exaustão nos programas de televisão, mostra a verdadeira dimensão da imoralidade que contaminou, sobretudo, os gabinetes de decisões da Polícia Militar do Amazonas, Secretária de Saúde, Secretaria de Segurança, entre outros.
Veja documento da PF
As revelações trazidas à tona pela PF e entregues à Justiça Eleitoral do Estado chegam a causar náuseas. Algumas delas dão conta da relação e do envolvimento de policiais militares – todos eles escolhidos pelo próprio governador para o comando de sua campanha – com o tráfico de drogas.
Pobre Polícia Militar do Amazonas. De indeléveis glórias à humilhação pública.
Mas os documentos produzidos pela PF não deixam dúvidas. A Polícia Militar do Amazonas está podre, infelizmente.
Não há como recuperar a sua memória se não passar por rigoroso processo de desinfecção moral.
O relatório do delegado Franco Perazonni vai além, muito além da estratégia montada por José Melo e pelo empresário empresário Francisco Sampaio Nunes, o “Chaguinha”, proprietário das empresas Aliança Serviços de Edificações e Transportes Ltda., para burlar as eleições de 2014. O relatório atesta o caráter bandido de determinados oficias da PMAM.
Um deles, o coronel Ewerton, em um diálogo gravado pela PF faz a seguinte declaração: “diz ao Alan que eu aqui eu apreendi 70 mil que era do Dudu. Tava doido para colocar no bolso, mas não deu”.
Que indecência, que imoralidade. Um coronel declarando o seu lado bandido.
Quanto ao empresário Chaguinhas, consta que o mesmo, através de sua empresa, teria doado à campanha de Melo, R$ 600 mil. Mas, pelo dados obtidos pela Polícia Federal, Chaguinha teria oxigenado o “caixa dois da campanha” com valores bem maiores.
Ainda com relação a empresa de Chaguinha é importante lembrar que em suas licitações de 2014, ano da eleição, ele contabilizou mais de R$ 80 milhões, dos quais R$ 37,9 milhões para prestar serviços à Secretaria Municipal de Educação de Manaus e R$ 43,09 milhões junto à Secretaria de Estado da Educação.
E mais. Em 2011, na administração Omar Aziz, garantiu um contrato de logística no valor de R$ 23,4 milhões.
A investigação revela uma intensa movimentação de uma quadrilha, formada pelos coronéis Marcus Frota, Raimundo Roosevelt Encarnação, Ewerton da Souza Cruz e Marcos Brandão da Cunha, que contava com apoio decisivo do ex-secretário de Saúde do Estado, Tancredo da Costa Soares, do empresário Francisco Sampaio Neves, o “Chaguinha” e do então secretário de Segurança, Paulo Roberto Vital.
O coronel Roosevelt, à época secretário executivo de Segurança e comandante do Ronda nos Bairros, é considerado pela PF o cabeça da organização.