A atual vida e movimento indígena acreano devem ser abordados de uma forma diferente em 13 capítulos da série do documentário “Nokun Txai – Nossos Txais”. A produção acreana foi aprovada em um edital para a TV Pública e vai fazer uma reflexão sobre o processo histórico e contemporâneo da colonização-descolonização da cultura indígena na Amazônia.
As filmagens começam oficialmente em junho e terão como cenário regiões dos municípios acreanos Tarauacá, Feijó, Marechal Thaumaturgo, Cruzeiro do Sul e Jordão. O diretor Sérgio de Carvalho explica que a maior parte da série será gravada nas aldeias, mas também vai acompanhar a vida de indígenas acreanos nas cidades, fugindo dos estereótipos indígenas que são construídos na mídia.
“Queremos mostrar uma visão do contemporâneo, a movimentação que eles estão tendo hoje, o papel da mulher e o papel político. Como eles estão lidando com as novas tecnologias e as pressões políticas sobre os povos indígenas”, explica o diretor.
Como exemplo de personagens, ele cita o pesquisador e artista plástico Ivan Uni kuin, que dará uma oficina no Museu de Arte de São Paulo. Assim como a indígena Luana Manchineri, que foi acompanhar o movimento Terra Livre no país, em Brasília. A equipe pôde ver toda a movimentação política atual pelo ponto de vista de uma mulher indígena acreana.
“Nosso olhar será positivo, pois sabemos que, mesmo com todos os problemas de cultura e disputa de terras, o Acre ainda é referencial. Vamos problematizar essa situação, mas mostrar como os indígenas estão se mobilizando e reagindo com relação a isso”, explica Carvalho.
Para garantir a fuga do senso comum na série, o diretor afirma que as filmagens nas aldeias não serão impostas e sim planejadas e pensadas junto com os moradores. “Não estamos procurando o índio que só fica de cocar, nem vamos cobrir uma festa indígena. Estamos construindo com eles e debatendo os temas com eles”, comenta o diretor.
Sérgio de Carvalho afirma que o projeto só foi aprovado por uma recente política para descentralizar as produções do sul e sudeste do país. “Essa política de descentralização aconteceu principalmente no audiovisual, com as políticas públicas. Com a extinção do Ministério da Cultura, essa é uma preocupação”, opina. A série deve ser finalizada em julho de 2017 e está na fase de pré-produção.
Fonte: g1