Os líderes da Mesa de Unidade Democrática (MUD) entregaram nessa quarta-feira (28) um pedido formal para que o Vaticano faça a mediação entre a oposição e do governo de Nicolás Maduro na Venezuela, na grave crise econômica e política pela qual o país atravessa. A informação é da Agência Ansa.
O pedido foi entregue à Nunciatura Apostólica de Caracas pelo secretário do grupo opositor, Jesús Torrealba, e pelo primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Enrique Márquez.
“Com essa carta, estendemos um cordial convite ao Vaticano para que atue como mediador, como garantia moral, como pedra angular de um processo de encontro que seja legítimo, que seja real, que não seja simplesmente uma manobra para que o governo ganhe tempo”, disse Torrealba ao entregar o documento.
O pedido ocorre há cerca de uma semana da entrega formal do mesmo pedido por parte de Maduro. Na carta do governo, o presidente pediu que o pontífice indique alguém do Vaticano para integrar a comissão capitaneada pela União das Nações Sul-Americanas (Unasul).
“Estamos em um momento crucial desta crise, tempo na qual sua voz orientadora e sábia pode ser a chave para superar a desconfiança e podermos, como sociedade civilizada, encontrar o caminho de paz e de reconciliação dos venezuelanos”, destacou Torrealba ao ler o documento.
A carta é ainda uma resposta à carta enviada pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper. No texto, Parolin afirmava que a Santa Sé estava disposta a intermediar as negociações se houvesse um convite formal.
A imposição do convite formal é, segundo o cardeal, pelo fato de que governo e oposição ficariam “mais receptivos para acolher eventuais sugestões a fim de seguir adiante de maneira duradoura e proveitosa”.
O processo de diálogo começou em maio do ano passado e tem como mediadores os ex-presidentes da República Dominicana Leonel Fernández e do Panamá Martín Torrijos, salém do ex-premier espanhol José Luiz Rodríguez Zapatero.
A conversa conta com o respaldo da comunidade internacional, mas até o momento foram realizadas apenas duas reuniões preparatórias, sem nenhum resultado efetivo. A oposição mantém a postura de levar adiante a situação dos presos políticos, o “sequestro” do Poder Público e o referendo revogatório. Os representantes de Maduro, por sua vez, descartam esses pontos e insistem que é preciso dialogar sobre como derrotar a chamada “guerra econômica”, respeitar os poderes públicos e instalar uma comissão da verdade para investigar os protestos contra o governo em 2014.