O mês de maio é, tradicionalmente, o período em que ganha força a campanha de combate ao câncer de ovário, doença que acomete, geralmente, mulheres com mais de 40 anos, e se desenvolve de forma silenciosa. Por isso, é de extrema importância que mulheres na faixa etária de risco, e que tenham histórico na família, busquem acompanhamento com um especialista, facilitando o acesso ao diagnóstico precoce. Ele pode aumentar em até 80% as chances de cura no estágio inicial da doença. A dica é do diretor-presidente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), cirurgião oncológico Marco Antônio Ricci.
Segundo a projeção mais recente do Instituto Nacional do Câncer (Inca), subordinado ao Ministério da Saúde (MS), o câncer de ovário é a 7o neoplasias malignas, tanto no Brasil quanto no Amazonas, em número de casos entre a população feminina. São estimados 6,15 mil novos diagnósticos para este ano no País e 70 no Estado.
Apesar de acometer, em maior proporção, mulheres na fase da pós-menopausa, pois está diretamente relacionada ao envelhecimento da população feminina, a doença também tem aparecido em mulheres jovens, com idade inferior a 40 anos, mas de forma esporádica. O tipo histológico mais frequente, com 90% dos casos, é o adenocarcinoma (tumor derivado de células glandulares epiteliais secretoras).
Marco Ricci explica que a neoplasia de ovário é o segundo tipo de câncer ginecológico com maior índice de mortalidade no mundo. Isso se deve, principalmente, ao diagnóstico tardio, pois a maioria das pacientes só procura um especialista na fase sintomática da doença, quando ela já se alastrou para outros órgãos. Os sintomas mais comuns nesse estágio são: dores pélvicas, azia e má digestão em alguns casos específicos e infecções urinárias frequentes, em curto espaço de tempo.
Fator hereditário
Ele chama a atenção, especialmente, para pessoas com histórico na família, que têm três vezes mais probabilidade de desenvolver a doença, por conta do fator hereditário. “Trata-se de uma doença que está diretamente ligada a falhas genéticas e, sendo assim, não tem prevenção. Mas, existem exames de rastreamento que devem ser feitos uma vez ao ano, a partir dos 40 anos, como a ultrassonografia transvaginal, o exame clínico ginecológico e o marcador tumoral CA 125 – este último para casos de massas pélvicas suspeitas previamente constatadas em exames de imagem”, frisou.
Mulheres que não engravidaram, também passam a ter mais chances de desenvolver a doença, pois os ovários, que têm como principal função a liberação de óvulos, não ‘amadureceram’ como deveriam. “Por isso, a nuliparidade acaba sendo um fator de risco, apesar de menos relevante. As portadoras de algumas síndromes, como a Lynch 2, que associa diversos tipos de câncer em uma única pessoa, também devem ter atenção redobrada e precisam de acompanhamento de um especialista em ginecologia, mesmo após concluir o tratamento oncológico”, alertou.
Os tratamentos do câncer de ovário se resumem a cirurgias, como as histerectomias, que consistem na retirada do útero, ovários e trompas, dependendo do estadiamento da doença (extensão da lesão); e quimioterapia. Ambas as modalidades são ofertadas pela FCecon, unidade considerada referência em cancerologia na Amazônia Ocidental.