Pesquisa e educação se constituem em “extraordinárias oportunidades” para o desenvolvimento da Amazônia. Este é o papel do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), defendeu o diretor da Instituição, Luiz Renato de França, em conferência sobre a Amazônia e a Sociedade Brasileira, na manhã desta quinta-feira (19), na 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O Inpa possui mais 60 anos de atuação na Amazônia e dá importantes contribuições à sociedade brasileira. Segundo França, são pesquisas que contribuem para o monitoramento ambiental e climático – como o projeto da maior torre de observação climática da América do Sul, a Atto -, a conservação de espécies ameaçadas, entre elas o peixe-boi da Amazônia, e para a melhoria da qualidade de vida, com o desenvolvimento do purificador de água instalado em quase 30 comunidades ribeirinhas da Amazônia e dois povoados da África.
Para França, uma das alternativas ao desenvolvimento sustentável da Amazônia é ter mais investimento na ciência, dentro das prioridades da Amazônia, aproveitando as pessoas da pós-graduação, principalmente alunos que querem trabalhar como pós-doutores ou mesmo profissionais. Por ano, o Brasil forma cerca de 50 mil mestres e de 16 mil a 17 mil doutores.
“É importante que governo faça um investimento focado, prioritário para que esses jovens que têm formação, que são preparados possam contribuir para o desenvolvimento da Amazônia”, ressaltou França, que é professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e está cedido ao Inpa.
À tarde a discussão sobre o tema continua em uma Mesa-Redonda, que será coordenada por França e terá como palestrantes o General Guilherme Cals Theóphilo que foi Comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus, e atua no Exército, em Brasília, e um dos diretores da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Wanderley de Souza.
França explorou na apresentação desde a migração para as Américas, a constituição política do território nacional até chegar à Amazônia atual, falando da abrangência, características geodemográficas, vulnerabilidades e potenciais da biodiversidade da Amazônia Legal, região que representa 60% do território brasileiro.
O diretor falou ainda sobre os recursos hídricos da região, os aquíferos brasileiros e os recursos minerais com destaque para grandes reservas de nióbio, metal raro no mundo mas abundante no Brasil e que tem amplo uso em componentes eletrônicos. O segmento de eletroeletrônico é um dos mais importantes do Polo Industrial de Manaus (PIM), representando cerca ¼ do faturamento do modelo.
“Na Amazônia, o transporte fluvial é de largo uso, e isso, por exemplo, torna a região mais vulnerável às mudanças climáticas”, destacou França.
A conferência contou com a presença de cerca de 100 pessoas, entre professores, estudantes técnicos em gestão. Foi encerrada com uma apresentação da Camerata de Ukulelê de Manacapuru (município a 68 quilômetros de Manaus). O grupo é resultado de um projeto de iniciação científica do Inpa Construindo Instrumento Musical com Madeiras da Amazônia, em que os estudantes aprenderam a confeccionar o instrumento e depois a tocá-lo. O instrumento de origem havaiano é construído com madeiras caídas naturalmente da floresta, mais um exemplo de tecnologia que agrega valor à biodiversidade Amazônia.
O grupo se apresenta no estande do Inpa da ExpoT&C/SBPC e na tarde desta quita-feira fará uma oficina para 30 pessoas na SBPC Jovem. O projeto iniciado em 2013 é coordenado pela pesquisadora do Inpa, Claudete Catanhede.