Mauro Lopes, editor do 247, dos Jornalistas pela Democracia – Este será o governo dos machões. Homens que arrotam valentia, são agressivos, parecem destemidos. Mas não passam de machões do atestado médico. Na hora “h”, escondem-se atrás de papeluchos ou nem isso, simulam “atestados médicos” para fugir às responsabilidade, ao confronto na vida real, ao embate de ideias ou na Justiça. Nesta sexta (19), depois de boa parte do país passar os últimos 15 dias entoando o mantra “cadê o Queiroz, cadê o Queiroz, cadê o Queiroz”, o PM machão de seu patrão machão pela segunda vez faltou a um depoimento no Ministério Público, refugiando-se num atestado médico.
Ele não foi original. Bolsonaro, o “mito”, o “macho alfa” dentre os machões, faz tempo que se esconde atrás de atestados médicos. Debater com outros candidatos no primeiro turno? Atestado médico. Debater com Haddad no segundo turno? Atestado médico. Viagem que pode representar algum desconforto político? Atestado médico.
Os machões do atestado médico são assim.
São também machões do twitter. Como são machos! Xingam, ameaçam, aparentam disposição para qualquer confronto… mas é twitter apenas.
São machões de palanque. Cercados por seguranças armados, dezenas deles, empunham metralhadoras, ameaçam matar, expulsar, enviar para campos de tortura… mas é palanque, sob a proteção de seguranças.
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Quando saem às ruas, os aparatos de segurança são monumentais. Inventam “ameaças de atentados”. E tome carro blindado e tropa militar e colete a prova de bala e…
Vomitam guerra e morte pelo twitter e nas entrevistas. Mas recolhem-se detrás de atestados médicos e aparatos de segurança sem precedentes.
Veja-se o Papa Francisco -sem querer ofender Bergoglio com a comparação. Tome-se a relevância, a estatura, a proeminência e os riscos dele versus Bolsonaro. O Papa, que acaba de fazer 82 anos, não apresenta atestados médicos. O Papa não se esconde atrás de um twitter, não se encolhe atrás de aparatos de segurança.
O Papa não é machão. Bolsonaro é.
Também é machão o seu caixa, seu “PC Farias”, seu “coronel Lima”, o Queiroz. O caixa e o dono do caixa são, ambos, machões de atestado médico.
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Eles se parecem com esses assaltantes de farol. Atacam só quando têm certeza que estão diante de uma vítima com baixa capacidade de reação. Bolsonaro faz assim. Parte pra cima – de mulheres. Grita em seus ouvidos, ameaça-as com estupro, xinga-as. Como os assaltante de farol, que escolhem mulheres, velhos e velhas para atacar.
O herói de Bolsonaro também era machão. Não sei se era machão de atestado médico. Talvez. Mas sei que era machão de centro de tortura. Carlos Alberto Brilhante Ustra era machão diante de homens e mulheres, em especial mulheres, espancadas, nuas, ensanguentadas -era machão diante de crianças que levava para as salas de horror verem seus pais esmagados por pancadas e choques elétricos.
Era o “macho alfa” dos centros de tortura. Mas não se arriscava a enfrentar esses homens e mulheres sozinho. Cercava-se de uma horda de torturadores.
Os machões são assim. Precisam de turma, de reforço, de músculos atrás dos quais possam se esconder. Ou de atestados médicos.
E o Queiroz? Ele está lá no fim da cadeia alimentar dos machões. É o machão do atestado médico e do caixa eletrônico, a serviço do machão do atestado médico e do twitter.
Para encerrar, assista abaixo ao machão do atestado médico elogiar seu herói, o machão dos centros de tortura. Assista ao depoimento de uma mulher. Amélia Teles. Ela não se escondeu nunca atrás de atestados médicos: