Pouco mais de uma hora antes do horário do enterro do irmão mais velho de Lula, o presidente do STF, Dias Toffoli deu uma decisão que se destina apenas a tentar mostrar o que a Justiça é: uma máquina de perseguição ao ex-presidente Lula.
Nem mesmo o deslocamento físico era possível em tão curto espaço de tempo, numa decisão que estava há horas nas suas mãos, depois de doentiamente negada em duas instâncias inferiores.
Mas foi ainda pior: não autorizou Lula a ir ao velório do irmão, mas que o velório, se quisessem, fosse levado para dentro de um quartel, restrito a familiares e fechado a imprensa, para que se cumprisse o supremo dever de, como todos já observaram, de que Lula não seja nem visto, nem ouvido.
Lula poderia, como se disse, ir para um quartel e, vejam, “inclusive com a possibilidade do corpo do de cujos (sic) ser levado à referida unidade militar”.
Que possibilidade se, poucos minutos depois, o enterro já havia sido feito?
A única finalidade da decisão é fingir que a Justiça não proibiu o ex-presidente de ir ao velório e ao enterro do próprio irmão.
Toffoli deu provas, outra vez, de sua microscópica grandeza moral diante do homem que fez dele ministro do STF, num grande erro, pois a sua lex magna é sua própria carreira.
Foi, para minha sorte, uma das pessoas com quem não cruzei em Brasília. A ultima vez foi, justamente, num velório, o do jornalista Julinho de Grammont, assessor de imprensa de Lula morto tragicamente num acidente em 1998.
Toffoli foi o corolário de uma perversa pantomima, a que protelou a decisão óbvia de permitir, como diz a lei, que Lula desse o último adeus aos irmãos para, afinal, inviabiliza-la, por sem tempo e sem dignidade na sua realização.
Ele é, afinal, um sujeito raro. Pouca gente teria capacidade de ser tão abjeto assim.