247 – Em entrevista concedida ao Valor Econômico, o sambista Paulinho da Viola, 77 anos, criticou o governo Bolsonaro por seus ataques à cultura e à população negra. Perguntado sobre como o aumento da intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana, o compositor respondeu que o país retrocedeu ao século passado.
“Vejo com muita tristeza. Converso bastante com amigos da Portela. Hoje para se fazer uma oferenda na rua é preciso criar todo um aparato, para tomar conta, para proteger. Retrocedemos ao começo do século passado, quando a polícia reprimia qualquer manifestação que remetesse à religião africana”.
Mas o artista não se limitou a isso. Criticou a direita golpista, afirmando também que “essa intolerância foi estimulada por certas autoridades. Essa violência contra as pessoas das comunidades mais pobres, contra os negros e os índios, de fazer o que eles bem entendem, passando por cima das leis, é algo inadmissível, comentado no mundo inteiro. Eu não concordo, claro, e acho que a maioria dos brasileiros também não”.
Além disso, também comentou sobre o desmonte da cultura feito pelo governo Bolsonaro: “também tem esse desmonte aberto da cultura brasileira, o ataque a artistas e educadores. A demonização das leis de incentivo. Eu nunca usei a Lei Rouanet, mas acho importantíssimo e fundamental a participação do Estado para estimular e patrocinar ações culturais. Acho que nem no regime militar assistimos a um desmonte dessa magnitude”.