Uma pesquisa desenvolvida com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) avaliou o aproveitamento integral do fruto Cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal), por meio de tecnologias de conservação do fruto “in natura”. Com objetivo de agregar valor aos produtos processados e aprofundar os estudos bioquímicos sobre as fibras alimentares com ação benéfica para a elaboração de alimentos funcionais.
Intitulado “Tecnologias para agregação de valor ao cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal)” o estudo foi desenvolvido pela pesquisadora Jerusa Andrade, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), por meio do Programa de Apoio à Pesquisa (Universal Amazonas) edital Nº030/2013.
Segundo a pesquisadora, com o projeto foi possível conhecer de forma mais detalhada os aspectos bioquímicos das substâncias bioativas nos diferentes tipos de tecidos e estágios de maturação (verde, de vez e maduro) do cubiu .
O estudo mostrou que para melhor conservação pós-colheita do cubiu “in natura”, o ideal é a colheita do fruto maduro e o armazenamento em refrigeração e em atmosfera modificada passivamente. O mérito do projeto foi aproveitar as diferenças dos tecidos do cubiu e direcionar cada parte do fruto para um produto tecnologicamente adequado.
“O cubiu é uma solanácea comum na Amazônia de uso pela população, principalmente do interior. É um fruto ácido, com baixo teor de açúcares e possui altos teores de uma fibra solúvel chamada pectina. O fruto tem três partes, ou seja, a polpa (mesocarpo) o tecido locular ou miolo (endocarpo) e a casca (exocarpo ou epicarpo), com diferenças no rendimento, nas características físico-químicas e no potencial tecnológico para cada tipo de produto. As pesquisas sobre o aproveitamento tecnológico foram conduzidas com o mesocarpo e endocarpo do fruto maduro”, conta.
Com o tecido locular do cubiu foram produzidos chutney diet (com adoçante) e chutney convencional (com açúcar branco, açúcar demerara e açúcar mascavo). O chutney é um molho agridoce produzido a partir da mistura de frutas maduras e verdes com sal, açúcar e especiarias, para consumo com carnes, aves e peixes.
Também foram produzidos com o tecido locular molhos com condimentos e com as pimentas malagueta, murupi e olho de peixe (trituradas e em pedaços). Com a polpa foi produzido o cubiu seco e picles (vegetais conservados em salmoura acidificada e consumidos em saladas e sanduiches), além de compota com frutos inteiros ou em pedaços, conservados em caldas diet (com adoçante) e convencional (com açúcar).
Jerusa explica que o primeiro trabalho de pesquisa com o cubiu foi desenvolvido no Departamento de Tecnologia de Alimentos do Inpa, em 1995, e ao longo desses anos o fruto esteve presente em diversos trabalhos sobre os constituintes químicos, o comportamento pós-colheita e a elaboração de produtos.
“A importância do projeto é direcionar as características das matérias-primas para os produtos finais, tirar proveito de cada grupo de substâncias, usar ingredientes e utensílios simples para trazer viabilidade tecnológica, sensorial e nutricional para os produtos obtidos, os quais poderão ser produzidos e consumidos na região. O projeto foi estruturado em subprojetos com atividades dimensionadas para alunos de graduação, mestrado e doutorado de diversos cursos”, destaca a pesquisadora.
Universal Amazonas
O Programa Universal Amazonas da Fapeam tem como objetivo conceder aporte financeiro para atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, em todas as áreas de conhecimento.
Por: Jessie Silva