Alberto Fernández diz “nunca mais” ao uso político da Justiça na Argentina

“Precisamos de cidadania na democracia”, começou dizendo Alberto Fernández, presidente da Argentina, ao tocar no tema da Justiça, um dos mais delicados do seu discurso durante a cerimônia de posse, nesta terça-feira (10), no Congresso Nacional do país.

Fernández disse que “sem uma Justiça realmente independente do poder político, não há república nem democracia, somente um conjunto de juízes que passam a atuar para satisfazer os poderosos de turno e a castigar aqueles que o enfrentam”.

Com a autoridade de quem é um dos mais renomados juristas da Argentina, professor decano da Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires, Alberto Fernández aproveitou essa introdução para descrever o cenário dos últimos quatro anos como “um processo de deterioração da Justiça, onde vimos perseguições indevidas e detenções arbitrárias, induzidas por aqueles que governam e silenciada por certa complacência midiática”.

Fernández se referia aos mais de 9 processos judiciais contra a ex-presidenta, e agora sua vice-presidenta, Cristina Kirchner, além das prisões preventivas de ao menos dois de seus ex-ministros e outras figuras dos anteriores governos.

“Por isso venho a manifestar diante desta assembleia e de todo o povo argentino, um contundente nunca mais. Nunca mais a uma justiça contaminada por serviços de inteligência! Nunca mais a uma justiça contaminada por operadores políticos! Nunca mais aos procedimentos judiciais obscuros e aos linchamentos midiáticos! Nunca mais a uma Justiça que decide e persegue de acordo aos ventos políticos do poder de turno! Nunca mais a uma política que criminaliza os dissensos para eliminar seus adversários! E digo isso com a firmeza de uma decisão profunda. Quando digo nunca mais, é nunca mais!”.

O trecho traz claras referências à forma como o governo de Mauricio Macri atuou neste aspecto, perseguindo referentes kirchneristas e peronistas, fez a grande maioria dos deputados e senadores presentes se levantarem para aplaudir de pé a declaração.

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