Analistas se dividem sobre força de Marina Silva na eleição

Se a a ex-senadora Marina Silva se converter, como têm especulado analistas estrangeiros, em candidata do PSB às eleições de outubro, poderá roubar votos tanto dos candidatos do PT quanto do PSDB, disse à BBC Brasil um brasilianista que acompanha a política brasileira a partir de Washington.

Isso teria como consequência acirrar a competitividade da campanha eleitoral, pois Marina poderia tirar votos tanto de Aécio Neves quanto da presidente Dilma Rousseff, avalia o analista Peter Hakim, presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, na capital americana.

“Se Marina concorrer e se as pessoas acharem que ela tem mais chances de vencer, Aécio pode perder votos para ela. Ela pode até ser a candidata a ir para o segundo turno”, acredita.

Segundo a pesquisa mais recente divulgada pelo Ibope, na semana passada, Eduardo Campos, morto na quarta-feira em um acidente aéreo, tinha 9% das intenções de voto. Dilma aparece à frente, com 38%. Aécio tinha 23%.

Poucas horas após a morte de Campos, Marina disse que ainda não é hora de falar em campanha, diante da tragédia pessoal na qual morreram o candidato e outras seis pessoas.

Embora ela não tenha indicado o que pretende fazer, a maior parte dos analistas internacionais tem apostado que ela substituirá o presidenciável na cabeça da chapa.

Limites
Já outros especialistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam que o impacto da entrada de Marina seria limitado.

O diretor do programa de estudos da América Latina da Universidade Johns Hopkins, Riordan Roett, nota que a ex-senadora recebeu cerca de 20% dos votos quando concorreu à presidência em 2010. Mas quatro anos depois, não se sabe se os eleitores que a apoiaram naquele pleito continuam a seu lado.

“Aécio poderia se beneficiar no fim, com a transferência de votos para ele uma vez que o choque da morte de Campos tenha sido absorvido pelo povo brasileiro”, pondera.

O economista Mark Weisbrot, codiretor do Center for Economic and Policy Research, com sede em Washington, salientou que, dada a dominância de PT e PSDB na corrida presidencial, qualquer mudança a partir da morte de Campos provavelmente mudará pouco o cenário eleitoral com vistas a outubro.

“Se Marina concorrer à Presidência, pode até se sair melhor no primeiro turno, mas provavelmente não chegará ao segundo”, calcula Weisbrot.

Campos era pouco conhecido nos Estados Unidos. Hakim lembra de ter sido apresentado ao ex-governador no ano passado, em Washington.

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“Era um homem muito confiante, muito seguro de si quando falava sobre o Brasil. Um pouco menos quando falava sobre Estados Unidos e sobre política externa”, lembra Hakim.

 

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