Antes da pandemia do coronavírus, saúde no Amazonas já dava sinais de paralisia

O ex-governador Amazonino Mendes, caboclo assumido, vaidoso de ter carimbado na certidão de nascimento que é filho das barrancas do Juruá, apreciador compulsivo de caldeirada de bodó, com pimenta, muito cheiro-verde e farinha d’água, avesso a qualquer iguaria de quelônios – tartaruga e afins – é um cara muito invocado – grosso para ser mais claro -, impaciente com a “burrice” e, ao mesmo tempo, divertido.

Amazonino é do tipo que não leva desaforo para casa, não tem medo de cara feira e  não raras vezes – que digam alguns militantes estudantis do PCdoB e jornalistas – chamou alguém para a porrada, sempre no meio da multidão assanhada por algum motivo justo ou não.

Mais: não tem medo de falar, ainda que prejuízos políticos venham à reboque do que fala. “Então morra”, lembram? Pois é.

De todos os defeitos que têm – e que não são poucos -, esse é o lado maluco, desatinado, digamos assim, de Amazonino Mendes.

À parte isso – como diria o iluminado poeta português, Fernando Pessoa -, Amazonino carrega dentro dele todos os sonhos do mundo . (Não sou nada///Nunca serei nada///Não posso querer ser nada///À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo).

Pois muito bem. Amazonino sonhou muito e ainda sonha.

Sonhou, por exemplo, com o Terceiro Ciclo de Desenvolvimento, com a Indústria Pesqueira, com a Revolução do Motor de Popa e da Motosserra, enfim…sonhou como autêntico arrivista.

Sonhou, também, com a transformação da saúde. Sonhos que não foram em vão.

Construiu e ampliou o Pronto Socorro 28 de Agosto, construiu o Hospital e PS João Lúcio, o PS da Criança João Lúcio, o Hospital Francisca Mendes, referência em cardiologia, os Caics, ampliou e equipou o PS da Criança da Codajás e outros tantos em Manaus e no interior do estado.

Com Tancredo Castro, Bernardino Albuquerque, Francisco Deodato, Jesus Pinheiro, Nelson Barbosa, Nelson Fraji, entre outros, Amazonino promoveu verdadeira revolução na saúde.

E a resposta não tardou.

A demanda reprimida caiu substancialmente, assim como o tamanho das filas cirúrgicas, ambulatoriais e laboratoriais.

A saúde no Amazonas viveu o seu momento de glória com Amazonino. Mesmo assim, ainda era pouco para o tamanho dos problemas remanescentes de uma cidade que crescia incontrolavelmente do dia para a noite, de vento em popa.

No pós-Amazonino, o setor praticamente estagnou. Muito pouco realizou-se, apesar do clamor produzido pelas instituições corporativas de classe que não pararam de alertar os governantes para a iminência de colapso da saúde.

Resultado: Hoje, falta de tudo. E não é pouco, não. Faltam hospitais, maternidade, leitos cirúrgicos, equipamentos, médicos, etc., etc., etc. e tal.

Antes mesmo da pandemia do coronavírus, o sistema de saúde no Amazonas já estava mergulhado no caos, apesar dos pesados investimentos direcionados a determinadas empresas, como o Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), contratada para dar fluidez ao setor com  eficiência e rapidez.

Independentemente de centenas de médicos formados pela UEA, criada por Amazonino Mendes, a saúde no Amazonas experimentou com o sistema de cooperativas, por exemplo, a resolutividade, a eficiência e a eficácia enquanto durou.

Sem Amazonino, o Instituto Novos Caminhos (INC), gestado por Omar Aziz e José Melo, a saúde perdeu não só a credibilidade e a eficiência. Sofreu, também, catastrófico abalo financeiro, que levou a Polícia Federal entrar em ação com a Operação Maus Caminhos, que desvendou, por sua vez, um rombo de mais de R$ 240 milhões nos cofres da saúde. Decorridos alguns anos, a  Maus Caminhos ainda é um grande escândalo nacional.

Agora, para “encorpar a saúde”, o governador Wilson Lima traz de São Paulo para o cargo de Secretária de Saúde a biomédica Simone Papaiz com um histórico “laboral” que dispensa comentários (ver abaixo).

Amazonino precisa voltar?

IMAGENS CAPTADAS NA SALA DE UTI DO PS 28 DE AGOSTO

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