A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu nesta quarta-feira autorizar a importação da matéria-prima desenvolvida pela Sinovac necessária para que o Instituto Butantan fabrique a vacina chinesa contra a Covid-19, informou o órgão regulador em comunicado.
A decisão da Anvisa de autorizar a importação do insumo foi tomada em caráter excepcional, após alegação do Butantan de que estaria havendo demorado na liberação dessa etapa. Por ora, entretanto, não há vacina autorizada contra a Covid-19 no país.
No comunicado, a agência disse que o instituto precisa cumprir uma série de recomendações no manejo do insumo, como questões referentes ao armazenamento, transporte e manuseio. A vacina da Sinovac, conhecida como CoronaVac, está na última fase de testes em humanos.
Foi autorizada a importação, em caráter excepcional, de 120 bolsas com 200 litros cada, conforme formulado em granel de vacina inativa fabricada pela Sinovac, conforme solicitado pelo Butantan. O material será transformado em 40 milhões de doses da vacina, de acordo com o Butantan.
O relator do processo foi o próprio diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra, e o pedido foi aprovado por unanimidade pela diretoria do colegiado.
Na semana passada, o Butantan chegou a acusar a agência de um suposto atraso para analisar pedido de importação dos insumos, o que foi negado pelo órgão regulador.
VACINAS
Na sexta-feira passada, a Anvisa havia autorizado a importação de 6 milhões de doses prontas da vacina para Covid-19 fabricada pela chinesa Sinovac, também em atendimento a pedido feito em caráter excepcional pelo Butantan.
A vacina da Sinovac virou motivo de disputa acirrada entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, seu desafeto político, uma vez que o Butantan é ligado ao governo paulista.
Bolsonaro vetou um acordo costurado por seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que previa a compra de 46 milhões de doses da vacina com o objetivo de integrar o Programa Nacional de Imunização.
O presidente chegou a dizer que a vacina não transmite segurança “pela sua origem” e não tem credibilidade.
Essa disputa foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) com ações que cobram, entre outras demandas, obrigar o governo federal a comprar doses da vacina chinesa.