Arcade Fire faz maior show do Lollapalooza

Quando veio ao Brasil em 2005 para o extinto Tim Festival, o Arcade Fire não passava de uma promessa do underground com apenas um disco – o aclamado Funeral – em sua bagagem. Em 2014, a banda desembarcou novamente no País como headliner do Lollapalooza 2014 já com expectativas no alto após uma série de turnês de sucesso no exterior.

O fardo não pesou e os canadenses liderados pelo vocalista Win Butler acabaram por ofuscar as outras atrações do festival, que em sua maioria ficaram com shows apenas regulares e mornos.

Pontualmente às 20h30 a numerosa banda – que chegava a ter doze músicos no palco em alguns momentos – tomou seu devido lugar para não deixá-lo enquanto todos estivessem satisfeitos. O repertório priorizou as canções de seu álbum mais recente, Reflektor, mas costurou cirurgicamente os sucessos de Funeral e The Suburbs, deixando de fora apenas Neon Bible, que só teve uma rápida introdução de My Body is Cage.
Depois de abrir com a faixa que dá título ao disco mais recente, o Arcade Fire tomou as rédeas da apresentação como uma banda acostumada aos grandes festivais e confortável com grandes públicos. Em Rebellion (Lies), o time de Win Butler ouviu o primeiro forte coro dos fãs brasileiros. O vocalista desceu do palco rapidamente para interagir com os fãs das primeiras fileiras.

Já em The Suburbs, a canção foi cantada do começo ao fim como se fosse uma canção radiofônica, uma realidade muito longe da banda canadense.

“Essa música é sobre saudade”, disse Win antes de dar o pontapé na empolgante Ready to Start. Mais tarde, antes de anunciar Neighborhood #1 (Tunnels), canção que abre o CD de estreia da banda, retomou o pensamento: “Todas nossas músicas são sobre saudade”.

No Cars Go também ganhou intensidade e foi cantada em coro uníssono. Já a lenta Haiti esfriou um pouco os ânimos do público, mas não diminuiu o ritmo da dança. Neighborhood #2 (Laika) retomou a velocidade da apresentação, que logo ganharia mais sotaque brasileiro.

A vocalista Régine Chassagne foi ao microfone para mostrar sua lição de casa bem feita. Assim como foi no Rio de Janeiro, a cantora entoou versos de O Morro Não Tem Vez, de Tom Jobim, para o delírio do público.

Completando o protocolo das bandas no Brasil, a vocalista cantou Sprawl II (Mountains Beyond Mountains) empunhando uma bandeira brasileira. Esta qual posicionou cuidadosamente sobre os amplificadores na parte anterior do palco. Mais sotaque brasileiro antes de Here Comes the Night Time, mas desta vez com uma canção de Caetano Veloso: Nine Out of Ten.

Uma explosão de papel picado cobriu a plateia anunciando que o fim da apresentação estaria próximo. “Cantem esta música quando o Brasil ganhar a Copa”, bradou Win antes da catártica Wake Up, que se tornou um hino do grupo.

O público cantou em coro – para não dizer que gritou em coro – as partes vocais da música até seu encerramento. Apenas com um violão e um microfone, os integrantes do Arcade Fire puxaram o refrão por uma última vez, mas agora nas grades que os separavam dos fãs, mostrando um entusiasmo e união de banda incomum nos dias atuais.

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