Artur , segundo análises do jornalista Hiel Levy, vai usar o discurso de que, para concluir o processo de renovação da política amazonense, ele precisa encarar o desafio de enfrentar Braga.
Um fato que chegou ao conhecimento do blog ontem me levou a investigar o que estava de fato acontecendo no jogo sucessório armado pelo grupo do poder. Depois de alguns contatos, posso dizer com toda certeza: o prefeito de Manaus, Artur Neto (PSDB), é candidatíssimo a governador. E tem absoluta consciência de que é o único que pode impedir a eleição do senador Eduardo Braga (PMDB).
O fato que chamou atenção do blog foi uma reunião política ocorrida na semana passada na zona Norte, à qual compareceu o vice-prefeito Hissa Abraão (PPS), que anda muito calado sobre uma eventual candidatura ao governo. No encontro, um comunitário quis saber quem era o candidato do jovem político para 2014, esperando aquele tipo de resposta: “Eu mesmo”. A plateia acabou surpreendida com a resposta: “O Artur”.
O blog tentou confirmar o diálogo com Hissa, mas ele não atendeu as chamadas nem retornou quando deixamos recado, o que gerou ainda mais curiosidade.
Falado com algumas fontes próximas ao prefeito, descobri que ele não apenas quer disputar o governo, como também tem na ponta da língua o argumento para quem o questionar sobre largar a prefeitura pouco mais de um ano depois de se eleger. Artur vai usar o discurso de que, para concluir o processo de renovação da política amazonense, ele precisa encarar o desafio de enfrentar Braga.
Depois dos contatos que fiz nos últimos dias, percebi que alguns movimentos foram totalmente incompreendidos pela imprensa, incluindo o blog. Vamos a eles:
1 – O silêncio de Hissa Abraão é pragmático. Ele já percebeu a intenção de Artur de ser candidato a governador e retraiu-se. E, em se concretizando a renúncia, vai se empenhar, e muito, para eleger o tucano e tentar garantir a continuidade da parceria;
2 – A viagem do governador Omar Aziz a Boca do Acre e as conversas que teve com Eduardo Braga foram combinadas com Artur. O objetivo era “sentir” o futuro adversário e preparar o terreno da disputa sabendo o que encontraria pela frente. Os dois não perderam a sintonia em nenhum momento e vão caminhar juntos;
3 – A candidatura de José Melo é um acidente de percurso. Para eliminar este obstáculo, Omar está disposto a continuar no governo até o fim, abrindo mão da candidatura ao Senado. Vai oferecer ao vice algum prêmio de consolação, que pode ser a própria candidatura à Câmara Alta;
4 – Rebecca Garcia (PP) será a vice de Artur.
É este cenário que está montado pelo grupo do poder. Se ele for confirmado, teremos sem nenhuma dúvida uma eleição histórica, em que Artur será candidato de duas máquinas e com uma poderosa coligação a respaldá-lo.
Isso explica o pique do prefeito na gestão. Aos 68 anos de idade, ele está em todas. Ontem mesmo, depois do temporal que devastou a cidade, lá estava ele inspecionando os shoppings e interditando o Manauara. Não resta dúvida de que está se aproveitando ao máximo da superexposição, necessária depois que o ex-prefeito, Amazonino Mendes, passou anos fora das ruas, deixando uma sensação de abandono na população.
O leitor mais astuto pode questionar: o que Omar ganha com essa articulação, se vai ficar sem mandato? Simples: bem mais jovem que Artur, ele tem tempo para novas disputas. E, em caso de sucesso em 2014, conta com a retribuição do velho amigo em 2016, quando ele próprio ou a esposa deve disputar a prefeitura com Hissa.
Resta esperar começar abril para ver se estas previsões se cumprirão e quem de fato vai enfrentar Eduardo Braga.