Às favas com os fatos: o suicídio do TSE – Tudo vale a pena, se o tribunal não condena

O pior cego é aquele que não quer ver. A pior cegueira, já dizia Raul Seixas, é a da visão. No caso específico, a visão estritamente processual, que é cega a ponto de se sobrepor ao mérito das provas e de Sua Excelência, o Fato. Pelo modo como caminham as discussões no Pleno do TSE, o julgamento da chapa Dilma-Temer na Corte vai entrar para a posteridade por um desfecho insólito e paradoxal na história do Direito não só eleitoral: pela primeira vez, um réu é absolvido por excesso de provas.

Como disse o ministro-relator Herman Benjamin, “não serei o coveiro de provas vivas. Estou participando do enterro, mas não carregarei o caixão”. O “caixão”, no caso, é o “caixão dois” praticado largamente pela campanha de Dilma e de Temer em 2014, com dinheiro de corrupção e propina repassado sobretudo pela Odebrecht, mas que a maioria dos integrantes do Pleno (4 a 3) preferiu sumariamente ignorar, em uma visão estreita e restritiva do Direito que privilegia ritos e trâmites processuais em detrimento de fatos e provas eloquentes, que falam por si.

A prevalecer essa visão cega, ou melhor, a cegueira da visão, os ministros serão os coveiros não só da ação de impugnação da chapa Dilma-Temer, não só das “provas vivas” que davam embasamento de sobra para eventual condenação. Sepultarão, acima de tudo, o próprio tribunal, sua credibilidade perante a sociedade brasileira e, talvez, sua própria razão de existir. GAZETA ONLINE

http://www.gazetaonline.com.br/opiniao/colunas/praca_oito/2017/06/s-favas-com-os-fatos-o-suicidio-do-tse-1014064547.html

Artigo anteriorGrávida mata o marido e vai à delegacia denunciar o próprio crime
Próximo artigoJanot reitera pedido de prisão de Aécio Neves