247 – O procurador da Lava Jato exaltou a companhia de tecnologia Neoway, delatada na operação, de acordo com nova reportagem do site Intercept Brasil.
“A tecnologia é essencial para podermos avançar contra a corrupção. Lidamos com uma imensa massa de dados em investigações e que pode ser usada para avaliar potencial fornecedores. Isso nos faz precisar, se queremos investigar melhor, usar sistemas de Big Data”, afirmou o procurador em vídeo.
“Se queremos um País com menos corrupção, precisamos caminhar na direção da formação de um consenso e caminhar no sentido de que todos nós busquemos autar contra a corrupção não só coletivamente, mas também individualmente dentro das empresas promovendo ética e integridade”, acrescentou.
A matéria do Intercept destaca: “Quando finalmente percebeu que havia recebido dinheiro e feito propaganda grátis para uma empresa investigada pela operação que comanda no Paraná, o procurador confessou a colegas: ‘Isso é um pepino para mim’. Mas só escreveu à corregedoria do Ministério Público Federal para prestar ‘informações sobre declaração de suspeição por motivo de foro íntimo’ quase um ano depois, quando o processo foi desmembrado no STF e uma parte foi remetida à Lava Jato de Curitiba”.
De acordo com a reportagem, o “procurador Deltan Dallagnol foi pago para dar uma palestra para uma empresa investigada por corrupção pela Lava Jato, operação que ele comanda em Curitiba. Dallagnol recebeu R$ 33 mil da Neoway, uma companhia de tecnologia, quando ela já estava citada numa delação que tem como personagem central Cândido Vaccarezza, ex-líder de governos petistas na Câmara que foi preso em 2017, e em negociatas na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras privatizada na terça-feira”.
“Não ficou só na palestra, realizada em março de 2018. Deltan também aproximou a Neoway de outros procuradores com a intenção de comprar produtos para uso da Lava Jato. Ele chegou a gravar um vídeo para a empresa, enaltecendo o uso de produtos de tecnologia em investigações – a Neoway vende softwares de análise de dados”.
Segundo a matéria, “a primeira citação à Neoway nos chats secretos da Lava Jato aconteceu dois anos antes da palestra de Deltan, em 22 de março de 2016, em um grupo no Telegram chamado Acordo Jorge Luz. O grupo fora criado para que os procuradores da Lava Jato discutissem os termos de delação de Jorge Antonio da Silva Luz, um operador do MDB que tentava negociar uma delação com a força-tarefa. Dallagnol participava ativamente do grupo”.
“Naquele dia, o procurador Paulo Galvão mandou um documento que trazia a primeira versão do que viria a ser o depoimento de Luz sobre diversas empresas, entre elas a Neoway. No documento, o candidato a delator narrava: ‘Lembro-me ainda de um projeto de tecnologia para Petrobras com a empresa Neoway que recorri ao Vandere Vaccarezzapara me ajudarem agendando uma reunião na BR Distribuidora. Houve esta reunião e recebi valores por esta apresentação e destas repassei parte para eles. Posteriormente a tecnologia foi contratada sem minha interferência ou dos deputados'”.