A balsa que será utilizada para realizar a travessia de veículos no Rio Curuçá, no trecho onde uma das pontes da BR-319 desabou no mês passado, foi levada na tarde desta quinta-feira (27) para o local onde vai operar. Ainda não há a confirmação de quando as travessias serão iniciadas.
Já no trecho onde uma segunda ponte da rodovia caiu no início de outubro, na região do Rio Autaz Mirim, o tráfego de veículos foi liberado nos últimos dias, por meio de um aterro que ligou as duas margens do rio, provisoriamente, segundo informou o Departamento Nacional de Trânsito (Dnit).
De acordo com as autoridades, cerca de 250 agentes acompanham o translado da balsa. A embarcação de 38 metros de cumprimento foi levada em uma carreta de um porto do Careiro da Várzea para o trecho do Rio Curuçá onde irá operar, ao lado do local onde a ponte caiu.
Balsa é preparada para operar no Rio Curuçá após desabamento de ponte na BR-319, no AM
A operação contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar, Dnit e outros órgãos.
Entretanto, até o início da tarde desta quarta (27), as autoridades ainda não haviam confirmado se a balsa começaria operar assim que fosse alocada no Rio Curuçá.
Aterro libera tráfego na região do Rio Autaz Mirim
Segundo o Dnit, o trânsito de veículos no techo onde a ponte sobre o Rio Autaz Mirim caiu foi retomado após a passagem seca de 30 metros de extensão ter sido concluída.
Entretanto, apesar da liberação do trecho, o órgão afirmou que a última etapa do trabalho – implantação de sinalização vertical e dispositivos de segurança para controlar o fluxo – ainda está em andamento.
Ao longo desta semana, estão sendo instaladas as placas de advertência, alertando sobre as lombadas nos acessos à passagem e também sobre o limite de velocidade, que será de 20 km/h.
Prejuízos
Além de afetar mais de 100 mil pessoas, a queda das pontes vinha provocando desabastecimento de alimentos e remédios em três cidades do Amazonas: Careiro da Várzea, Careiro – conhecido como Careiro Castanho – e Manaquiri.
“A minha moto ficou embaixo de um pé de mangueira do outro lado, porque aqui o acesso ainda não foi liberado. Mas é difícil tu subir e descer barranco. Não é fácil. Estou bem cansada”, disse a técnica de enfermagem Rosa Maria, que precisa atravessar a ponte sobre o Rio Autaz Mirim.
“Era pra ter sido mais rápido, até porque estou com um problema de saúde e preciso fazer tratamento, enfrentando o sol. Uma hora dessas era pra eu estar em casa. Triste a situação”, lamentou a agricultora Maria Socorro, que precisa fazer a travessia no trecho do Rio Curuçá.
Queda de ponte sobre o Rio Curuçá, na BR-319, no AM — Foto: William Duarte / Rede Amazônica
Quem tem pousadas na região sentiu o peso dos altos custos. “Uma das partes mais prejudicadas é a rede hoteleira. Os ‘kombeiros’ que trabalham na rede de transporte, também [são prejudicados]. Somos muito prejudicados e, além de tudo, os custos aumentaram pra nós. Qualquer carreta, eles estão duplicando valor das coisas e tudo”, comentou a empresária Karolaine Oliveira, proprietária de pousada.
Queda das pontes
As duas pontes desabaram na rodovia federal – a principal via de acesso terrestre do Amazonas para outras regiões do país, em um intervalo de dez dias:
- No dia 28 de setembro, a ponte sobre o Rio Curuça despencou, deixando quatro mortos e mais de 10 feridos. Uma pessoa segue desaparecida.
- Já no dia 8 de outubro, a apenas 2 quilômetros do local onde ocorreu o acidente, a ponte sobre o Rio Autaz Mirim desabou poucas horas após ser interditada. Ninguém ficou ferido.