Bolsonaro ataca Caetano Veloso e Daniela Mercuri

247 – Depois de atacar a Educação, Bolsonaro volta agora suas baterias no Carnaval contra os artistas do país, as artes e a cultura nacional. Num tweet na manhã desta terça-feira de Carnaval (5), ele atacou com violência Caetano Veloso e Daniela Mercury afirmando que eles sequer são artistas e acusou-os falsamente de viveram às custas da Lei Rouanet: “Esse tipo de ‘artista’ não mais se locupletará da Lei Rouanet”. O presidente da República referiu-se a dois dos mais relevantes artistas do país como “dois ‘famosos'”. É uma retaliação ao videoclipe “Proibido o Carnaval” lançado no início de fevereiro.

No seu tweet, Bolsonaro divulga a gravação de um artista cujo nome é omitido com uma marchinha de ataque aos dois artistas e que começa com o cantor anunciando: “Essa marchinha vai para o nosso querido Caetano Veloso e nossa querida Daniela Mercury… chupa!”. O refrão da marchinha é o ataque mentiroso aos dois: “Ê ê ê ê ê, tem gente ficando doida sem a tal Lei Rouanet”.

Vídeo incorporado

Jair M. Bolsonaro

@jairbolsonaro

Dois “famosos” acusam o Governo Jair Bolsonaro de querer acabar com o Carnaval. A verdade é outra: esse tipo de “artista” não mais se locupletará da Lei Rouanet. ASSISTA:

O ataque de Bolsonaro é uma retaliação bolsonarista ao videoclipe, “Proibido o Carnaval”, que os dois lançaram no início de fevereiro. Numa música que mistura ritmos e cores carnavalescas, o vídeo retrata uma festa repleta de convidados e dançarinos de ambos os sexos. O ritmo é frenético, alegre e o vídeo é sensual. Daniela e Caetano beijam-se, assim como vários dançarinas e dançarinos de todos os sexos, com beijos entre todos.

O vídeo termina com uma homenagem a Jean Wyllys, que desistiu de seu mandato e exilou-se depois de mais de um ano de ameaças de morte dos bolsonaristas: “”Dedico este videoclipe ao meu amigo amado e incansável guerreiro Jean Wyllys. Estamos te esperando de volta: o Carnaval não está proibido! Axé!!!”.

A letra de “Proibido o Carnaval” faz uma crítica bem humorada a todo ideário bolsonarista quanto aos direitos civis e à moral social, com uma referência direta à declaração da ministra Damares Alves (da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) para quem meninos deve vestir azul e as meninas, rosa. Cantaram Daniela e Caetano: “Vai de rosa ou vai de azul?”.

Leia a letra e veja a seguir o videoclipe de “Proibido o Carnaval”:

Está proibido o Carnaval
Nesse país tropical
Está proibido o Carnaval
Nesse país tropical

Tô no meio da rua, tô louca
Tô no meio da rua sem roupa
Tô no meio da rua com água na boca
Vestida de rebeldia, provocando a fantasia

Tô no meio da rua, tô louca (hum)
Tô no meio da rua sem roupa (ah é)
Tô no meio da rua com água na boca
Vestida de fantasia, provocando a rebeldia

Minha alma não tem tampinha
Minha alma não tem roupinha
Minha alma não tem caixinha
Só tem asinha

Minha alma não tem tampinha
Minha alma não tem roupinha
Minha alma não tem caixinha
Minha alma só tem asinha

A mulherada comandando a batucada
O trio elétrico cantava, libertando a multidão
Frevo fervando no Galo da Madrugada
Pernambuco não parava de fazer revolução
Filhos de Gandhi, o afoxé na resistência
O Caboclo era soldado no Brasil da Independência
No crocodilo, Stonewall, estou aqui
No carnaval beijando free
Salvador é a nova Grécia

Quilombola, Tupinambá
O corpo é meu, ninguém toca
Vatapá, caruru
Iemanjá lá no sul
Vai de rosa ou vai de azul?

Abra a porta desse armário
Que não tem censura pra me segurar
Abra a porta desse armário
Que alegria cura, venha me beijar

Abra a porta desse armário
Que não tem censura pra me segurar
Abra a porta desse armário
Que alegria cura, venha me beijar

Está proibido o Carnaval
Nesse país tropical
Está proibido o Carnaval
Nesse país tropical

Tô no meio da rua, tô louca (tá louca?)
Tô no meio da rua sem roupa (uau)
Tô no meio da rua com água na boca
Vestida de rebeldia, provocando a fantasia

Minha alma não tem tampinha
Minha alma não tem roupinha
Minha alma não tem caixinha
Minha alma só tem asinha

Minha alma não tem tampinha
Minha alma não tem roupinha
Minha alma não tem caixinha
Minha alma só tem asinha

A liberdade, a Caetanave, a Tropicália
O povo de Maracangalha sai dançando o meu axé
O samba ensina, o samba vence a violência
O samba é a escola de quem ama esse país como ele é

Eu falei: Faraó, e ninguém respondeu
Quem come aqui sou eu, Romeu
Libera a libido
Forró em Caruaru, é?
Vai de rosa ou vai de azul?

Abra a porta desse armário
Que não tem censura pra me segurar
Abra a porta desse armário
Que alegria cura, venha me beijar

Abra a porta desse armário
Que não tem censura pra me segurar
Abra a porta desse armário
Que alegria cura, venha me beijar

Está proibido o Carnaval
Nesse país tropical
Está proibido o Carnaval
Nesse país tropical

Axé, axé, axé, axé, axé (proibido? Tá proibido proibir)
Axé (axé), axé (axé), axé, axé, axé, axé!

Ficou safada

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