Bolsonaro diz que “custa caro” tirar brasileiros da China

REVISTA FÓRUM – Trinta e dois brasileiros, entre homens, mulheres e crianças, que estão Wuhan, epicentro da epidemia do coronavírus na China, escreveram essa semana uma carta endereçada ao presidente Jair Bolsonaro em que pedem para que o governo cumpra com sua obrigação e, assim como fez outras nações, os retire da China e os faça chegar ao Brasil em segurança. Eles garantem que não apresentam nenhum sintoma da doença que já matou centenas no país asiático.

“Como é do conhecimento de todos, existe uma ameaça de epidemia de coronavírus cujo epicentro é a cidade chinesa de Wuhan, na província de Hubei. De modo a proteger seus cidadãos desse risco, diversos países já estão se organizando para retirá-los da cidade de Wuhan em cooperação com o governo local. Esperamos que, como Presidente da República Federativa do Brasil e na qualidade de representante máximo da diplomacia brasileira, vossas Excelências nos deem todo o apoio de que precisamos neste momento de dificuldade”, escreveram os brasileiros na carta que foi obtida e divulgada pela revista Época.

Bolsonaro, no entanto, não demonstrou interesse em trazer os brasileiros de volta. “Custa caro um voo desses. Na linha, se for fretar um voo, acima de US$ 500 mil o custo. Pode ser pequeno para o tamanho do orçamento brasileiro, mas precisa de aprovação do Congresso”, disse o presidente na sexta-feira (31).

Por meio de nota, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no entanto, informou que é possível, sim, se criar um orçamento para isso. “Se esta for a decisão do governo, e o governo entender que existe urgência, e ele concorda que existe, o governo tem instrumentos para organizar o orçamento”.

Outra desculpa de Bolsonaro para não ajudar os brasileiros que estão no epicentro da epidemia é que o Brasil não tem uma legislação de quarentena, argumento que também foi rebatido pelo presidente da Câmara. “O governo pode mandar a lei e a Câmara votará com urgência”, declarou Maia.

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