Bolsonaro põe 250 mil armados nas ruas; milícias são gratas também a Moro

REINALDO AZEVEDO – O faroeste de Jair Bolsonaro segue firme. O país, por enquanto, está afundando, mas ele segue firme na satisfação de sua clientela de fanáticos. Informa a Folha

O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta terça-feira (7) um decreto que flexibiliza as regras de transporte de armas para colecionadores, atiradores esportivos e caçadores, conhecidos pela siga CAC. O ato foi feito no salão nobre do Palácio do Planalto, na presença de ministros, parlamentares e de representante de caçadores e colecionadores. O porte de armas para atiradores esportivos já foi flexibilizado em março de 2017, quando uma portaria do Exército estabeleceu que essas pessoas podem eleger uma de suas armas para ser transportada municiada entre o seu local de guarda e o local de treinamento ou competição e vice-versa

Um outro ponto que será alterado com o texto é maior possibilidade de importação de armas, antes restrita.

O Palácio do Planalto ainda não divulgou a íntegra do decreto. Em seu discurso, o presidente falou sobre alguns pontos que foram revistos como o aumento de munição de 50 para 1000 cartuchos por ano, a autorização para que caçadores possam ir e voltar à prática de tiro com a arma municiada e autorização para que praças das Forças Armadas possam ter direito ao porte de arma de fogo.

O presidente disse ainda que a elaboração do texto contou com a participação dos ministros Fernando Azevedo (Defesa), Sergio Moro (Justiça) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), a quem se referiu como alguém que chegou “meio perdido” à discussão.

“Desde a campanha, o presidente vem imaginando permitir uma certa abertura no transporte [das armas] para caçadores, atiradores e colecionadores de armas. Especialmente dos atiradores, da sua casa para o estande de tiro, onde ele vai realizar o seu treinamento esportivo”, disse o porta-voz.

Comento É claro que Bolsonaro está flexibilizando o porte de armas de fogo, ora bolas! Até porque esses usuários especiais já tinham a licença para o seu esporte. A propósito: por que a arma tem de estar municiada?.

À Folha, diz Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública: “É uma flexibilização no controle de armas, é um passo para o porte e, o mais preocupante, cria um privilégio, um atalho [para algumas categorias]. Pode ser questionado na Justiça, porque, no fundo, isso viola o espírito do controle de armas que está previsto no Estatuto do Desarmamento”.

Para o Fórum, trata-se de uma tentativa de driblar o Estatuto do Desarmamento. Tentativa, não! É drible mesmo! Uma mudança dessa natureza não poderia ser feita por decreto. E, claro!, vejam ali, uma vez mais, as digitais de Sérgio Moro, este grande moralista do Brasil, a endossar o troço.

Com a decisão de Bolsonaro, 250 mil pessoas poderão andar armadas nas ruas.

Segundo o Sou das Paz, os tais CACs compraram em 2018 mais munições do que as Forças Armadas. E os registros para essa categoria especial cresceram 879% nos últimos cinco anos.

Ora vejam! As milícias, que já dominam 2 milhões de pessoas no Rio, já podem ter uma fachada legal para a sua atividade, não é mesmo? E para a importação de munição. Tudo dentro da lei e com a chancela do governo federal.

 

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