Bolsonaro retira do Congresso PL que criava as Universidades para o Solimões e Amazonas; Bi Garcia critica; reitor fica em silêncio

A Mensagem Nº 84, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e publicada nesta segunda-feira, 18, no Diário Oficial da União, edição 52, Seção 1, página 9, põe fim a um sonho lindo acalentado por mais de 2 milhões de habitantes do interior do Amazonas que acreditavam que um dia chegaria a eles o conhecimento através da Universidade Federal do Alto e Médio Solimões e do Médio e Baixo Amazonas.

Infelizmente, pelo menos agora, o sonho acabou. É hora de acordar, voltar a realidade do seringal, dos lagos piscosos, para crueza da roça e na melhor das hipóteses ficar limitado ao ensino médio.

A mensagem 84, de 15 de março, solicita do Congresso Nacional retirada de tramitação do Projeto de Lei Nº 11.892, de 28 de dezembro de 2008, que cria a Universidade Federal do Médio e Baixo Amazonas e a Universidade Federal do Médio e Alto Solimões.

É uma pena que seja assim para o caboclo amazonense que, com Jair Messias Bolsonaro, acreditou com um Amazonas de todos os sonhos, com uma universidade  essencialmente cabocla.

Sobre o PL nº 11.279/2019 encaminhado ao presidente Bolsonaro, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, assim se manifestou: “o PL deve ser examinado “sob a ótica da racionalização administrativa e geográfica, da redução de custos operacionais e otimização da força de trabalho, da potencialização e agilidade na oferta de ensino, cultura, ciência, extensão e pesquisa aplicada com foco na inovação”.

E assim, simplesmente assim, Jair Bolsonaro e o seu ministro acabaram com o “barato” do caboclo dos beiradões – os verdadeiros guardiões das nossas fronteiras e do mais rico, diversificado e cobiçado ecossistema do Planta.

É claro que as universidades teriam os seu real valor para o povo da região que muitos julgam que só sabem espantar carapanã, meruim, pium e mutuca. Engano, pura ignorância.

Os caboclos que ocupa, os beiradões mais distantes, agressivos e inóspitos desse imenso Amazonas são sábios, muito mais sábios do que muitos doutores – sabedoria essa que é disputada por renomados pesquisadores do mundo inteiro. Se não sabiam, fique, sabendo.

Um dia, esses ou aqueles que negaram a universidade como instrumento do conhecimento, da pesqusisa e da ciência, vão ser arrepender amargamente. Ah! se vão.

Do lado oposto, o reitor a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Sylvio Puga, ficou em silêncio. Procurado para falar sobre os possíveis reflexos do despacho do presidente Bolsonaro, ele se limitou tão somente em enviar um link totalmente fora do contexto da Mensagem 84.

Bi Garcia discorda da retirada de projeto é um equívoco

Incentivador do desmembramento do campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) de Parintins para a criação da Universidade Federal do Médio e Baixo Amazonas, o prefeito Bi Garcia disse que ficou surpreso com a decisão do Governo Federal.

Segundo o prefeito, a decisão do governo é equivocada ao alegar que a criação de novas universidades geraria mais despesas para os cofres públicos.

“Não é verdade que a criação da Universidade do Médio e Baixo Amazonas cria mais despesas para o Governo. Está bem claro no texto do projeto que os recursos não oneram em nada o Governo Federal. Os recursos são provenientes do orçamento já estabelecido e repassado pela UFAM para os campus de Parintins e Itacoatiara. Ao criar a Universidade Federal do Médio e Baixo Amazonas, a UFAM apenas vai retirar do seu orçamento o que já gastava todos os anos nesses dois campus”, enfatiza.

O prefeito garante que vai debater com deputados federais e senadores do Amazonas para convencer o Governo Federal a não retirar de tramitação o projeto que cria novas universidades. Para Bi Garcia, a não-criação da Universidade Federal do Médio e Baixo Amazonas e da Universidade Federal do Médio e Alto Solimões será um duro golpe para o interior do Amazonas.

“São 110 anos que nós estamos com uma única universidade federal no Estado do Amazonas que é a UFAM. O Pará tem quatro universidades federais, sendo duas no interior e duas na capital. Nós vamos lutar para que a gente possa permanecer com esse projeto de lei no Congresso Nacional para no futuro conquistarmos a Universidade Federal do Médio e Baixo Amazonas com sede em Parintins”, conclui o prefeito.

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