Bolsonaro tinha ambição de ser rico e era agressivo, diz ficha militar

O atual deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) já foi avaliado como dono de uma “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”, segundo indica um documento sigiloso produzido pelo Exército na década de 1980. A avaliação foi feita por oficiais superiores da época em que Bolsonaro era militar.

De acordo com a Folha de S. Paulo, em 1987 a avaliação foi protocolada sob sigilo no gabinete do então ministro do Exército, Leonidas Pires Gonçalves, durante um processo a que Bolsonaro foi submetido no Conselho de Justificação.

A “ficha de informações” a qual a reportagem teve acesso foi produzida em 1983 pela Diretoria de Cadastro e Avaliação do ministério. Na época, Bolsonaro tinha 28 anos e era tenente. O texto diz que o militar “deu mostras de imaturidade ao ser atraído por empreendimento de ‘garimpo de ouro’. “Necessita ser colocado em funções que exijam esforço e dedicação, a fim de reorientar sua carreira. Deu demonstrações de excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”.

O então tenente foi a interrogatório e admitiu ter feito garimpo “na cidade de Saúde, próximo de Jacobina [BA]”, durante as férias, na companhia de três tenentes e dois sargentos paraquedistas, dois dos quais “estavam sob seu comando”. Bolsonaro afirmou que a atividade não gerou lucro e a classificou como “hobby ou higiene mental”.

O coronel Carlos Alfredo Pellegrino era o superior de Bolsonaro. Ele disse que tentou convencer Bolsonaro a desistir da ideia do garimpo, mas conheceu “pela primeira vez sua grande aspiração em poder desfrutar das comodidades que uma fortuna pudesse proporcionar”.

Na época, considerou-se que Bolsonaro teria “confirmado sua ambição de buscar por outros meios a oportunidade de realizar sua aspiração de ser um homem rico”.

O Conselho de Justificação concordou com a avaliação da ficha de informações. “A imaturidade é de um profissional que deveria estar dedicado ao seu aprimoramento militar, através do adestramento, leitura e estudos, e não aventurar-se em conseguir riquezas.”

O coronel Pellegrino avaliou ainda que Bolsonaro “tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos”.

RESPOSTA DE BOLSONARO

A reportagem da Folha tentou entrar em contato com Jair Bolsonaro, por telefone, e foi atacada pelo deputado federal. “Vá catar coquinho, Folha de S.Paulo. Vocês estão recebendo de quem para fazer matéria? Vocês estão recebendo de quem para me perseguir?”, disse o parlamentar.

“Publica essa porra de novo agora sem falar comigo. Eu só falo com vocês gravando. Continue escrevendo essas porcarias aí na Folha”, completou. Notícias ao Minuto

Artigo anteriorForagido do sistema prisional desde janeiro, “Nego Chico” é recapturado
Próximo artigoMenos de 100 pessoas vão a show gratuito de Chitãozinho e Xororó