Bolsonaro vence num país dividido, cercado de desconfianças sobre sua real crença na democracia. Uma desconfiança justificada: ele passou a vida pregando a violência, numa atitude que se estendeu pela campanha eleitoral.
Não se governa, porém, em meio à desconfiança da opinião pública e escasso apoio no Congresso, especialmente quando são necessárias reformas urgentes e dolorosas como a da previdência.
Esse será o grande teste de Bolsonaro. Afinal, terá de mexer em privilégios do funcionalismo – inclusive militares.
Os grupos associados ao PT podem não ter feito um candidato vencer, mas têm capacidade de mobilização nas ruas, defendo o que considera “direitos”. Em qualquer lugar do planeta, mesmo nos países mais desenvolvidos, mexer na previdência gera enormes tensões.
Será exigido dele uma capacidade de negociação – algo que ele ainda não demonstrou.
Negociação em meio a pressões permanentes ( justas e injustas) exige sangue frio. Não é o que ele tem demonstrado.
Mas vai precisar, a partir de agora, demonstrar se quiser governar com um mínimo de legitimidade.