Braga responsabiliza Wilson Lima e o Ministério da Saúde pela tragédia sanitária da Covid-19 no AM

Durante o depoimento de Airton Soligo, ex-assessor especial no Ministério da Saúde, à CPI da Pandemia, nesta quinta-feira (05/08), o senador Eduardo Braga (MDB/AM) apontou o governador Wilson Lima e a pasta como os responsáveis pela crise sanitária que vitimou milhares de amazonenses em razão da Covid-19.

Wilson Lima, salientou o parlamentar, demonstrou não ter competência, planejamento e capacidade de ação durante a primeira onda da pandemia no Estado, no primeiro semestre de 2020 – motivo pelo qual Eduardo pediu providências do Ministério da Saúde para que fosse evitada uma tragédia maior diante do avanço da segunda fase da pandemia. Uma das iniciativas sugeridas por ele foi a intervenção federal na saúde do Amazonas.

Em dezembro do ano passado, o senador alertou pessoalmente o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello para a catástrofe que se anunciava, turbinada especialmente pelo surgimento da variante P1 do coronavírus. Da reunião também participou Airton Soligo, segundo o parlamentar.  

“Eu disse que, se o Ministério da Saúde não tomasse providências e não fizesse uma intervenção na saúde pública do Amazonas, nós iríamos presenciar, lamentavelmente, a morte de milhares de amazonenses”, recordou Eduardo no colegiado. “O Ministério da Saúde se omitiu e optou por caminhos tortuosos”, acrescentou.

Ao lembrar que o Tribunal de Contas União (TCU) decidiu, em 4 de agosto, abrir um processo para apurar possível omissão de Pazuello na gestão da pandemia, Eduardo elencou os crimes cometidos contra a saúde pública do Amazonas: o tratamento precoce e a escassez de oxigênio e dos medicamentos do chamado kit intubação. Sobre o primeiro crime, o senador disse que “se aproveitaram da fé e do desespero do povo”.

A respeito da falta de itens hospitalares na rede pública de atendimento, principalmente o oxigênio, o parlamentar declarou que “muitas mentiras foram contadas” pelos representantes do Ministério da Saúde à CPI. “Todo amazonense sabe que sofremos 20 dias desesperadamente”, afirmou ele, que lembrou a oferta de um avião do governo norte-americano para transportar cilindros do insumo até a capital Manaus (AM). “Mas o Governo do Estado não deu os detalhes técnicos para que essa operação fosse realizada. E o Governo brasileiro ficou de braços cruzados. Logo, trata-se de um crime contra a saúde pública. ”

O resultado de tantos desacertos, lamentou Eduardo, faz parte das planilhas do Ministério da Saúde. Enquanto o Brasil registra a média de 266 óbitos por Covid-19 a cada 100 mil habitantes, o Estado chega a 327 mortes a cada 100 mil. “Uma vergonha! Se o Amazonas fosse um país, seria o número um no mundo nessa estatística.”

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