Quase sete anos depois do anúncio do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, Romário mudou completamente sua opinião sobre o assunto e deixou de lado o apoio.
Em participação no programa Linha de Passe, da ESPN, o Baixinho, hoje deputado federal, explicou o porquê da troca de pensamento e se disse enganado pelo ex-presidente Lula, pela atual presidente, Dilma Rousseff, e pelo ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira em relação aos gastos com a realização do Mundial.
“O Brasil não só tinha condição de sediar uma Copa, como tinha a condição de sediar a maior Copa de todos os tempos. Assim como todos, eu fui enganado.
Eles tinham divulgado que 90% do gasto seria de dinheiro privado. Hoje temos quase 98% de dinheiro público, gasto totalmente errado. Dinheiro que a gente poderia colocar em outras áreas que são extremamente precárias, como educação e saúde.
O que vejo de mais errado é esse gasto astronômico, totalmente fora do planejado, e o enriquecimento ilícito de vários políticos”, disse Romário.
“Acreditei nos três. No Lula, na Dilma e no Ricardo Teixeira. É uma maioria bem grande que acreditou. Quem não quer uma Copa do Mundo no país? Principalmente com todos os gastos vindo de empresas privadas. Mas, infelizmente, virou totalmente contra o que era lá atrás e virou uma roubalheira”, completou.
Romário também deixou avisado que um título brasileiro em casa pode deixar todos os problemas do país —incluindo os da realização da Copa do Mundo— em um segundo plano.
O atual deputado federal admitiu que ele mesmo já ajudou a empurrar esses problemas para baixo dos panos com a taça do Mundial de 1994.
“Tenho uma frase que é bastante típica: a Copa do Brasil fora do campo a gente já perdeu e de longe. Agora a gente tem que torcer para que a seleção seja campeã dentro de campo. Eu particularmente torço.
Infelizmente, por outro lado, tenho que admitir que muito dos problemas vão ficar por baixo dos panos. Esse é o nosso país. Uma vitória em Copa do Mundo apaga e esconde muitas coisas”, disse.
“A perda do dinheiro público não existiu porque a Copa não foi aqui. Mas todos os problemas que existiam no país, a vitória em 94 fez com que ficassem em baixo dos panos. Assim como em 2002, em 1970”, completou.