Brasil supera China em número de mortes por covid-19

Soldados do Exército desinfectam/Limpam o Metrô de Brasília, durante a pandemia do coronavírus. Sérgio Lima/Poder360 28.03.2020

O Brasil superou nesta 3ª feira (28.abr.2020) a China em número de mortes por covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus. Foram confirmadas 5.017 mortes pela infecção viral até esta tarde, segundo o Ministério da Saúde. A taxa de letalidade é de 7% atualmente no Brasil. Já o país asiático confirmou 4.632 óbitos, de acordo com o BNO News –taxa de 5,2%. O marco vem 42 dias depois do registro do 1º óbito em território nacional, em 17 de março, em São Paulo.

A China ainda tem mais diagnósticos que o Brasil: 88.423 contra 71.886, o que representa 23% a mais. A população chinesa –1,4 bilhão– é 6,6 vezes maior que a brasileira, com 211,4 milhões de pessoas. Contudo, os casos do país asiático se concentraram em Wuhan, capital da província de Hubei, enquanto os do território nacional se espalharam por todos os Estados, mais o Distrito Federal.

O Brasil superou o total de mortes registradas em Hubei na 2ª feira (27.abr.2020), quando o Ministério da Saúde informou 4.543 óbitos contra 4.512 da província chinesa, ou seja, 31 a mais. A covid-19 também já matou mais que a gripe suína, provocada pelo vírus inflenza H1N1, no país.

1º diagnóstico no Brasil foi inicialmente registrado pela pasta em 26 de fevereiro. O paciente é 1 homem de 61 anos, morador da capital paulista, que conseguiu se curar da doença.

SUBNOTIFICAÇÃO

O Brasil vive uma escalada rápida da covid-19, o que contraria projeção feita em 12 de abril pelo presidente Jair Bolsonaro, que disse que a doença “parece estar indo embora” do país. Não é possível, no entanto, saber em qual estágio da infecção o país está, por causa da subnotificação de casos –o que também ocorre na China, onde além de os números apresentados serem abaixo da realidade, também há falta de transparência sobre o perfil dos infectados e casos assintomáticos.

O Ministério da Saúde do Brasil projeta que o pico da doença —antes previsto para abril, mas adiado pelo distanciamento social— se dê em maio, mas faltam testes para detectar o novo coronavírus.

Por isso, é possível que o número de mortes também seja maior que o oficial. Dados da CRC Nacional (Central de Informações do Registro Civil), que representa os cartórios, mostram que 5.303 pessoas morreram no Brasil com suspeita ou confirmação da covid-19 no período de 23 de janeiro até esta 3ª feira (28.abr). São 283 vítimas a mais que as contabilizadas pelo Ministério da Saúde.

A maior parte dos que são testados no país são pacientes em estado grave. A recomendação do Ministério da Saúde para casos suspeitos de covid-19, de leves a moderados, é ficar em casa, em isolamento.

Estudo do Nois (Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde) indica que a quantidade de infectados pode ser até 12 vezes maior que a divulgada oficialmente pelo governo. Outra projeção, dessa vez do portal Covid-19 Brasil, vai além: projeta que pode haver 15 vezes mais casos. Além disso, infectados que não apresentam sintomas também transmitem o vírus. Ainda não há evidências científicas que comprovem que uma pessoa que contraiu a doença adquira imunidade temporária ou permanente.

O Sars-Cov-2, nome científico do novo coronavírus, é altamente transmissível —mais que a gripe suína, que causou pandemia de 2009 a 2010. Uma pessoa doente pode infectar até outras 2,79, segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, em português), dos Estados Unidos. O vírus já foi encontrado até em lágrimas de pacientes com a doença, segundo o Instituto Lazzaro Spallanzani, referência na Itália.

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