O embargo da União Europeia ao frango brasileiro deverá gerar, neste ano, perda de 30% sobre o total do produto exportado pelo Brasil para o bloco, que é composto por 28 países, conforme projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A decisão, tomada na última quinta-feira (18), terá impacto em 20 plantas exportadoras (unidades de produção) de nove empresas. A lista oficial das unidades que serão descredenciadas ainda foi divulgada.
Segundo o vice-presidente de Mercado da ABPA, Ricardo Santin, a maior parte da produção deverá ser vendida no mercado interno: “Existem alguns mercados substitutos como o México, a África do Sul e o Oriente Médio, mas estão com a capacidade de suprimento alcançada”, diz.
A medida tornará o frango mais barato momentaneamente para o consumidor, mas poderá também gerar demissões no setor.
Santin ressaltou que o prejuízo pode ser menor caso a medida seja revertida rapidamente e disse que outras empresas podem ocupar o espaço deixado pelas plantas descredenciadas, também colaborando para a redução das perdas. “Na Europa, há um sistema de cotas para a importação pelo bloco: se uma empresa não usa a cota, outra pode pedir para usá-la. Ainda não dá para calcular o efeito em definitivo porque outras empresas poderão usar as cotas.”
Além disso, é necessário esperar a divulgação oficial da decisão do bloco, o que deverá ocorrer em 15 dias, acrescentou Santin. “Algumas empresas podem ter sido bloquedas para algum tipo de produto, e não para todos. Podem, por exemplo, ter sido bloqueadas para exportar frango com sal, mas podem manter a exportação de frango sem sal”. Ele informou que atualmente há 18 empresas autorizadas a exportar frango para a Europa e que o embargo abrange unidades de produção da metade delas.
Carne Fraca
A decisão da União Europeia deu-se após a terceira etapa da Operação Carne Fraca, realizada no ano passado pela Polícia Federal para investigar denúncias de fraudes cometidas por empresários e fiscais agropecuários federais. A Operação Trapaça, deflagrada em 5 de março, teve como alvo a BRF, dona da Sadia e Perdigão. O grupo é investigado por fraudar resultados de análises laboratoriais relacionados à contaminação pela bactéria Salmonella pullorum. Em nota, a BRF negou riscos para a saúde para população.
Ainda não há confirmação oficial, mas, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, a BRF deverá ser a empresa mais afetada, com as nove plantas autorizadas a exportar atualmente para o bloco suspensas.
A BRF informou, em nota que, até o momento, não foi oficialmente informada sobre a decisão da Comissão Europeia e que não tem como afirmar quais unidades foram contempladas.
A companhia acrescentou que iniciará “a revisão de seu planejamento de produção, que já considera o regime de férias coletivas em quatro de suas unidades: Capinzal (SC), Rio Verde (GO), Carambeí (PR) e Toledo (PR). “Ainda é prematuro prever o impacto dessa revisão, dada a complexidade da cadeia produtiva na qual a BRF está inserida.”