ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo é citado no áudio entregue pelos delatores da JBS aos investigadores da Lava Jato, no último dia 31, e que levaram à revisão de colaboração premiada de três dos sete executivos do Grupo J&F, conforme anúncio feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nessa segunda-feira (4).
Na conversa gravada entre entre Joesley Batista e Ricardo Saud – ambos firmaram acordo de colaboração premiada -, há indícios de que eles desejavam contar com a ajuda de Cardozo, segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo. No contexto, falam sobre “organizar” o Supremo Tribunal Federal (STF).
Os dois, de acordo com informações da colunista Mônica Bergamo, tinham a intenção de atrair Cardozo para um encontro, sob o pretexto de que gostariam de contratá-lo para serviços advocatícios, mas cujo principal objetivo era conseguir do ex-ministro informações sobre magistrados do STF.
Isso porque os delatores acreditavam que os procuradores à frente da Lava Jato desejavam que as investigações alcançassem o Supremo. A depender do que Cardozo contasse, eles entregariam o conteúdo à PGR e ficariam “bem na fita”. Embora o encontro com Cardozo tenha ocorrido, o plano dos delatores não foi bem-sucedido, já que o ex-ministro teria feito apenas afirmações genéricas sobre os magistrados. Além disso, ainda segundo Bergamo, ele recusou propostas de pagamentos de honorários fora das vias regulares.
Na conversa, Joesley e Saud ainda brincam com a proximidade entre Cardozo, a ex-presidente Dilma Rousseff e a atual presidente do STF, Cármen Lúcia. Os nomes de Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes também são mencionados, mas não há menção ou atribuição a algum tipo de crime.
Confira alguns trechos do áudio:
- “(…) Temos que usar (parte inaudível) Zé Eduardo, pressionar o Zé Eduardo pra ele contar quem é o cara do Supremo”, diz Saud.
- “(…) Se nós entregar o Zé, nós entrega o Supremo… Eu eu falei pro Marcelo. Falei: Marcelo, você quer pegar o Supremo? Quer? Pega o Zé”, diz Joesley ao se referir, em outro trecho da conversa, a Marcelo Miller, ex-procurador que participou do acordo de leniência.
- “Eu vou entregar o Executivo e você vai entregar o Zé. O Zé vai entregar um … Vou ligar e chamar ele e falar: Ô Zé, seguinte: você precisa trabalhar com a gente. Nós precisamos organizar o Supremo. A única chance que a gente tem de sobreviver. Você tem quem? Como é cada um? Qual a influência que você… nesse? Como é que a gente grampeia? O Zé vai entregar tudo”, diz Joesley, mais adiante. Notícia ao Minuto