Carlinhos Salgueiro: o Rei das passistas em Manaus

Lá vem ele, esbanjando simpatia e alegria, mas sem deixar de fazer ‘carão’, sua marca registrada. Carismático, o coordenador e coreógrafo da Ala dos Passistas da Acadêmicos do Salgueiro, Carlos Borges, mais conhecido como Carlinhos do Salgueiro, desembarca em Manaus pela primeira vez para uma maratona de dois dias de muito samba no pé.

O ‘Bó Sambar’ será realizado nos dias 09 e 10 de janeiro, a partir das 18 horas, na quadra da Mocidade Independente de Aparecida. Os passaportes são limitados e já estão à venda.

 Carlinhos sempre gostou de dançar, e desde criança vivia, ou pelo menos tentava, no mundo da dança. Iniciou sua carreira bem cedo, com 13 anos, dançando quadrilha. “Eu comecei bem cedo e a única coisa que minha mãe me deixava dançar era quadrilha, festa junina. Um dia o marcador do grupo saiu e eu vi ali a oportunidade de ficar no lugar dele, consegui. Foi minha primeira experiência como professor”, relembra.

Em meados de 2002, devido aos trabalhos realizados fora da comunidade do Andaraí, Carlinhos foi convidado para viajar para Moscou. Para ele, esse convite foi o divisor de águas na sua carreira. “Eu ainda era passista, e tive a oportunidade de ir para lá como coreógrafo. Cheguei lá e foi um sucesso, coreografei durante seis meses um show chamado ‘Regiões’. Quando voltei em 2004, já voltei com outra cabeça, foi quando me fizeram a proposta de ser coreógrafo. E aí questionei se não poderia fazer o show que eu havia levado para o exterior dentro no Salgueiro. Se fiz sucesso com uma coreografia de dança afro em Moscou, na terra do ballet, porque não poderia infiltrar o que eu sabia no samba? Fui muito criticado, era a ‘bicha maluca’, mas acreditava que um dia eu ainda ia mudar isso. Fui o primeiro, ninguém fazia isso em escola nenhuma, fui o pioneiro”, conta emocionado.

Em 2005, o Samba Show estava dominado, Carlinhos já era diretor, e com o passar do tempo esse tipo de apresentação foi chegando a outras agremiações. Ele revela um pouco de mágoa pela falta de reconhecimento dos próprios colegas. “Todas as escolas hoje fazem o que faço, mas eu nunca tive a oportunidade de falar, porque antigamente não existia essa coisa de internet. Os diretores foram levando isso para as escolas deles, não que não pudessem, pelo contrário, mas faltou o reconhecimento de que aquilo foi criado por mim, e isso me magoou”, revela ele.

De lá para cá a carreira de Carlinhos só cresceu, hoje ele é responsável pelos shows dos passistas na quadra do Salgueiro, coreografa as composições de alegorias, além da ala maculelê. Possuiu total liberdade para escolher os figurinos, e o mais importante: se sente feliz fazendo o que mais ama.

 

O bailarino já viajou para 21 países representando o Salgueiro, ganhou título de Imperador do Samba, e até foi coroado Rei em uma escola de samba em Londres. Com o projeto Samba no Pé, Carlinhos já formou mais de mil passistas, inclusive, fora do país e caminha para seu décimo ano no Salgueiro. “Hoje, aonde chego sou respeitado, reconhecido. O carão e a personalidade forte viraram a minha marca, e uma defesa também. Carlinhos do Salgueiro acabou virando uma personagem, mas sem perder a minha essência, meu caráter”.

 

‘Bó Sambar’ traz Carlinhos pela primeira vez a Manaus

Apesar de já ter rodado o mundo, Carlinhos sempre lamentava nunca ter conhecido o Amazonas. Durante suas transmissões ao vivo nas redes sociais, sempre ‘cutucava’ os fãs manauaras. “É um absurdo eu chegar ao Japão e ninguém me levar para conhecer os botos!”, brincava. Finalmente, chegou a vez dos foliões amazonenses receberem dicas preciosas de como dançar com charme e fazerem bonito nos bailes de Carnaval.

No workshop de dois dias, o coreógrafo garante que todos sairão sabendo sambar. “Tudo é técnica e prática”, garante. Dividido em dois dias, vale ressaltar que o evento não é destinado apenas para passistas, mas para qualquer pessoa que queira aprender a dançar.

Esquenta

Para entrar no clima, a professora de funk que faz sucesso nas redes sociais Thelry Castro vai ministrar uma aula animada para esquentar os quadris. “Assim como o samba, funk existe molejo da cintura para baixo”, diz ela. Quem também confirmou participação são as nossas Musas amazonenses Ana Luiza Carneiro (Rainha do Carnaval 2017), Mara Souza (Mulata de Ouro 2016) e Paolla Spanic (Musa Gay da Mocidade Independente de Aparecida). O trio tem a missão de acompanhar Carlinhos Salgueiros e monitorar as participantes do workshop.

“Normalmente dou aulas particulares para candidatas de concursos e rainhas de outras agremiações, mas seguir as orientações de Carlinhos Salgueiro será uma experiência única”, derrete-se Paolla.

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