O governador José Melo, ao nomear para o Ronda no Bairro o coronel PM, Raimundo Roosevelt da Conceição de Almeida Neves, que responde a dois processos por homicídio qualificado, preferiu virar as páginas turvas e nebulosas do histórico do novo comandante e se embebedar de tantos elogios em torno da conduta “rígida e operacional” do chefe escolhido para planejar e garantir segurança à população do estado.
Com tantos salamaleques a Roosevelt – justamente a Roosevelt -, envolvido até o pescoço no bizarro “caso Fred”, Melo jogou para o espaço a grande oportunidade de ficar não só calado, mas também de refletir sobre a sua estranha decisão.
Resultado: a ideia do chefe de conduta “rígida e operacional”, passada à população, acaba de ruir, flacidamente, como um monte de areia, no estacionamento do Shopping da Ponta Negra, frequentado pela classe de maior poder aquisitivo de Manaus.
Nesta quita-feira, 23, um carro do Ronda no Bairro, placa OAM-3399, que poderia estar estacionado em um ponto qualquer da periferia da cidade, estava parado no luxuoso estacionamento do Shopping.
O que fazia lá, parado, em horário comercial? Policiamento ostensivo? Compras? Escondido da violência que invade como uma enxurada a Zona Leste da Cidade?
Isso é de fazer rir, assim como é de fazer rir as declarações do professor José Melo a respeito da conduta e da capacidade operacional de Roosevelt.
O chefe que não tem condições de controlar ao menos os carros da corporação que comanda como pode, então, planejar, operacionamente, e colocar na rua o aparelho repressor do estado à serviço da população?
É claro que isso não é possível dentro de um shopping, percorrendo com os olhos, parvos embasbacados, as vitrines repletas com as exuberantes maravilhas permitidas pela tecnologia moderna.