Cerco aperta clã Bolsonaro com ligações perigosas com suspeito de matar Marielle

Agência Brasil – (Por Ricardo Kotscho) Para quem se assustou com o título, estas são as manchetes do portal O Globo na manhã desta terça-feira, quando o presidente Jair Bolsonaro fará seu discurso sobre o “novo Brasil” em Davos, na Suíça, daqui a pouco:

“Flávio Bolsonaro emprega mãe e mulher de chefe do Escritório do Crime em seu gabinete”.

“Ação contra milícia prende suspeitos de ligação com assassinato de Marielle Franco”.

Desde antes da eleição, é bom lembrar, circulavam comentários no sub-mundo carioca sobre as relações perigosas do clã Bolsonaro com as milícias.

Diante dos fatos novos agora revelados pelo jornal O Globo, o escândalo do Coaf, envolvendo as movimentações bancárias de Flávio Bolsonaro e do ex-assessor Fabrício Queiroz, até perderam importância, tanto que Sergio Moro nem tratou do assunto em seu discurso de Davos nesta manhã.

O ex-juiz Sergio Moro agora é o ministro da Justiça e da Segurança, responsável pelo Coaf e o combate ao crime organizado.

As duas matérias saíram separadas na capa do portal, mas são complementares e tratam do mesmo assunto.

Em reportagem de Bruno Abbud, Igor Mello e Vera Araújo, O Globo informa:

“O gabinete do senador eleito e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) empregou até novembro do ano passado a mãe e a mulher do capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, tido pelo Ministério Público do Rio como o homem forte do Escritório do Crime, organização suspeita do assassinato de Marielle Franco.

O policial foi alvo de um mandado de prisão nesta terça-feira e ainda não foi encontrado pela polícia. Ele é acusado há mais de uma década por envolvimento em homicídios. Adriano e outro integrante da quadrilha foram homenageados por Flávio Bolsonaro na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro”.

Adriano é amigo de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro,  e está sendo investigado sob suspeita de recolher parte dos salários de funcionários do político. Teria sido Queiroz _ amigo também do presidente Jair Bolsonaro desde os anos 1980 _ o responsável pelas indicações dos familiares de Adriano”.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Rio de Janeiro, deflagrou nesta terça-feira a Operação Os Intocáveis, em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. Foram presos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco.

Rio das Pedras é o principal reduto do Escritório do Crime e foi lá que Fabrício Queiroz se escondeu quando estourou o escândalo do Coaf, segundo o colunista Lauro Jardim informou na segunda-feira.

Adriano Magalhães da Nóbrega é o chefe do Escritório do Crime em Rio das Pedras, uma das milícias mais antigas e violentas da cidade. Os principais clientes da organização criminosa são contraventores e políticos.

Facha-se dessa forma o cerco às ligações perigosas do clã Bolsonaro com as milícias suspeitas do assassinato de Marielle Franco no ano passado.

A Operação Os Intocáveis ocorre no mesmo momento em que o presidente Jair Bolsonaro faz a sua primeira viagem internacional depois da posse.

A volta de Bolsonaro está prevista para sexta-feira, mas diante dos últimos acontecimentos poderá ser antecipada.

Vida que segue.

Artigo anteriorTemer defende no STF envio de processo da Odebrecht para 1ª instância
Próximo artigoImprensa mundial fala em “grande fracasso” de Bolsonaro em Davos