Chega ao fim caso hétero entre Bolsonaro e Lava Jato, por Reinaldo Azevedo

Blog do Reinaldo Azevedo – Leiam trechos: * Duas concepções de Estado policial que viveram um enlace amoroso que se pretendia duradouro estão em choque: a da Lava Jato e a do presidente Jair Bolsonaro. O amor acabou. E há o risco de rompimento litigioso. Não é surpresa para quem vê a política além dos movimentos de superfície. Fazê-lo é uma obrigação do analista. O cronista pode se contentar com os folguedos do dia.

No Coaf, agora rebatizado de UIF, na Receita, na PF, no MPF e até na Justiça havia e há quem advogue a prerrogativa, ao arrepio de qualquer ordenamento legal, de escarafunchar a vida de qualquer um em nome do combate à corrupção.

Nesse caso, é claro que não se agride a lei sem um propósito. Como evidenciam diálogos revelados pelo The Intercept Brasil e pela Folha, o comando da Lava Jato apelava a um braço que tinha na Receita para, por exemplo, tentar encontrar ilícitos de ministros do Supremo.

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Não tardou para que os valentes da Lava Jato vissem no então candidato Bolsonaro “o homem certo no lugar certo”. Análise política é um trabalho que se faz em parceria com o interlocutor —neste caso, o leitor. Por isso, permito-me reproduzir trecho de uma coluna de 8 de junho do ano passado, intitulada “Bolsonaro é o nome da Lava Jato”. Prestem atenção.

“Gente que conhece o MPF por dentro e pelo avesso assegura que os Torquemadas torcem é por Bolsonaro. Li trocas de mensagens de grupos do WhatsApp que são do balacobaco. E assim é não porque os senhores procuradores comunguem de sua visão de mundo —a maioria o despreza—, mas porque veem nele a chance de fazer ruir o ‘mecanismo’, que estaria ‘podre’.

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Acontece que Bolsonaro não era apenas uma gaveta vazia de passado, ainda que lotada de bordões fascistoides, que atentam com igual desassombro contra bichos, árvores ou pessoas.

Quem tem Fabrício Queiroz tem medo. Sim, é preciso que a PF e a Receita se atenham a seu papel constitucional. Essa é a reivindicação das pessoas alinhadas com o Estado de Direito.

Isso nada tem a ver com a interferência do presidente na Superintendência da PF do Rio, sob o silêncio cúmplice de Moro —hoje mero cavalo de parada— ou com a deposição de quadros da Receita Federal na delegacia da Barra da Tijuca ou no Porto de Itaguaí (RJ), por onde passam as armas que ajudam a garantir tanto o poder do narcotráfico como o das milícias.

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