China investe em ‘hotéis de suínos’ como proteção contra doenças

A China está levando a biossegurança dos suínos a novos níveis, na verdade, 13 andares.

É a altura de um prédio no sul da China onde mais de 10 mil suínos são mantidos em um complexo no estilo de um condomínio completo, com acesso restrito, câmeras de segurança, serviços veterinários internos e refeições cuidadosamente preparadas.

As condições aparentemente luxuosas representam uma abordagem de ponta para a biossegurança em que os suínos – o tipo de carne mais consumida na China – são protegidos de vírus, incluindo da devastadora peste suína africana que matou metade dos porcos do país nos dois anos antes do surgimento da pandemia de coronavírus.

Chamados de “hotéis de suínos”, essas gigantescas fazendas verticais estão sendo construídas por empresas como a Muyuan Foods e New Hope Group, espelhando os rigorosos controles que os principais fornecedores em outros países têm usado para prevenir surtos da doença devastadora.

A China tem copiado as melhores práticas da Europa e dos Estados Unidos para fechar sua lacuna de biossegurança, disse Rupert Claxton, diretor de carnes da consultoria Gira, do Reino Unido, que tem assessorado fazendeiros e empresas há duas décadas. “Em 20 anos, fez o que americanos levaram provavelmente 100 anos para fazer”, disse.

A peste suína africana causou um grave surto na China em 2018. No prazo de um ano, cerca da metade do plantel nacional de mais de 400 milhões de suínos desapareceu – mais do que toda a produção anual dos EUA e Brasil combinada -, o que elevou os preços e importações a níveis sem precedentes.

Prioridade

A segurança alimentar agora é uma das prioridades do governo chinês e, com a inflação no nível mais alto em oito anos, o país teve de recorrer a fontes de emergência de carne congelada para baixar os preços. Novas políticas agrícolas foram instituídas para acelerar a mudança para operações industriais em grande escala em fazendas com pouca infraestrutura que tradicionalmente engordam suínos com restos de alimentos crus e resíduos, as principais fontes da peste suína africana.

O número de suínos domésticos se recuperou mais rapidamente do que o previsto com a forte expansão da capacidade de grandes fazendas. Os preços da carne suína no atacado caíram tanto que interferiram no novo sistema de alerta do governo, levando autoridades a comprar para as reservas estatais e fortalecer o mercado.

Ainda assim, a ameaça do vírus persiste, com 11 incidentes relatados no acumulado de 2021, o que provocou o abate de mais de 2 mil suínos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura em julho. O surgimento de novas cepas que parecem causar sintomas mais leves e têm um período de incubação mais longo tem complicado os esforços para detectar e responder aos surtos, disse o ministério.

Em países desenvolvidos, a criação de suínos é dominada por fazendas maiores com menos proprietários. Esse tem sido o padrão há décadas nos Estados Unidos, Dinamarca e Países Baixos, cujos padrões de biossegurança estão entre os melhores globalmente e que não registraram um único surto de peste suína africana nos últimos anos.

Artigo anteriorMéxico descarta pedir certificados de vacinação anticovid para acessar locais públicos
Próximo artigoCongresso fica laranja na Semana Mundial de Amamentação