O Governo do Estado realizou hoje a última audiência pública para debater a venda de sua parte na Companhia de Gás do Amazonas (Cigás). Até janeiro do ano que vem a administração Omar Aziz pretende concluir o processo de venda de 51% das ações ordinárias (que dão direito a voto) e 17% das ações preferenciais (partilha de lucros e dividendos), por meio em leilão na bolsa de valores. Veja aqui os números desta joia pertencente a todos nós, contribuintes, que vai escorrer pelos nossos dedos por decisão de uma minoria.
Os dados não são meus, mas sim do grupo formado pelo escritório Saad Advogados, a Concremat Engenharia e o Banco Pactual BTG, contratado pelo governo do Estado:
1 – De acordo com o representante da Saad, Renan Saad, a Cigás hoje se apresenta como uma empresa muito jovem, muito enxuta e com poucos passivos, o que a torna bastante atraente aos interessados;
2 – O Amazonas possui reservas de gás próprias (11,3% das reservas nacionais), sendo o terceiro maior distribuidor do país (15,5%), e tem ainda um potencial de 2,8 milhões/m³/dia para ampliação de vendas;
3 – A empresa, que é administrada pelo governo do Estado e Manaus Gás S/A (pertecente ao grupo baiano Suez, que comprou ações na administração Amazonino Mendes), é hoje a 11ª no país em volume comercializado, apesar de ser a mais nova dentre as 27 distribuidoras de gás nacionais. Tecnologicamente, a Cigás também possui a única rede (48 quilômetros em Manaus) do país com sistema de fibra ótica com sensores e circuito de tevê para monitoramento da passagem do gás, além de um sistema catódico anti-descarga atmosférica.
4 – No perfil financeiro, apresentado pelo representante do Banco Pactual, Mauro Batisti, a Cigás já investiu R$ 150 milhões até o momento, para um crescimento acumulado de 284,2% ao ano. Hoje comercializa 2,6 milhões/m³/dia, de um volume contratado de 5,5 milhões/m³/dia junto à Petrobras. A receita da companhia saltou de R$ 83,5 milhões em 2010, para R$ 637,3 milhões em 2011 e chegou a R$ 1,232 bilhão em 2012;
5 – Observe a evolução nos lucros da empresa: apesar de ter obtido um resultado negativo de -6,1% no lucro líquido do primeiro ano (receita R$ 4 milhões – despesas R$ 5,1 milhões), a partir do segundo ano chegou a saldo de R$ 31,2 milhões (2011) e R$ 38,3 milhões no terceiro ano (2012).
Pois bem, caro leitor, apenas três anos depois de entrar em operação, esta empresa superavitária vai sair do controle do Estado por um valor estimado de R$ 200 milhões, curiosamente o mesmo que foi pago há 13 anos pela francesa Lyonnese Dizoux ao Estado pela deficitária Cosama (lembram?)
Detalhe agravante: A Cigás detém a concessão de exploração do serviço por 30 anos.
A pergunta que não quer calar é: a quem interessa esse negócio? Com certeza não a nós, meros contribuintes.
autor – jornalista Hiel Levy