Reinaldo Azevedo – Na resposta a um embargo de declaração de Lula, Sérgio Moro foi explícito ao dizer que os contratos da Petrobras nada tinham a ver com o apartamento. Se não tinham, então não era ele o juiz. Desta vez, na página 17, escreve a juíza Gabriela Hardt:
“embora a Defesa insista na falta de vinculação com a Petrobrás das reformas do Sítio em Atibaia realizadas pela Odebrecht, OAS e José Carlos Costa Marques Bumlai em benefício do acusado Luiz Inácio Lula da Silva, até agora não apresentou qualquer explicação nos autos, por exemplo, quanto aos fatos que motivaram as reformas e se ele, o acusado Luiz Inácio Lula da Silva, ressarciu ou não as empreiteiras ou seu amigo pelos custos havidos. Até o momento, vigora o silêncio quanto ao ponto”.
Nem vou entrar no mérito e indagar se, nas democracias, não cabe ao acusador o ônus da prova. Noto que a juíza admite que inexiste o vínculo e joga para Lula a responsabilidade de explicar por que os empreiteiros reformaram o sítio. Ocorre que essa não é uma questão irrelevante: se ela mesma admite que inexiste nexo entre os contratos da Petrobras e o imóvel, então o caso não deveria estar na 13º Vara Federal de Curitiba. Moro não poderia ter sido o juiz. Nem ela. Os bolsonaristas e governistas no geral babaram de satisfação. Calma, Robespierres de Banânia! A vez de vocês vai chegar! E vão, então, experimentar o sistema penal de seu gosto. Uma coisa é certa: há menos vínculos entre o sítio de Atibaia e os contratos da Petrobras do que entre Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, por exemplo.
Ah, sim: ontem, no programa “O É da Coisa”, deixei claro que não tinha lido a sentença, mas apostava que não havia sido apontada a relação entre contratos e sítio. Agora eu já li. E, com efeito, não há. Até a juíza confessa que não.