Corregedor viu falta grave de Deltan Dallagnol, mas decidiu não puni-lo

247 – Novos diálogos revelados pela operação Vaza Jato mostram que o procurador Deltan Dallagnol cometeu falta grave na divulgação de palestras.

Seu plano de ganhar dinheiro com a promoção da Operação Lava Jato foi criticado no Ministério Público.

Reportagem publicada nesta quinta-feira (8) na Folha de S.Paulo informa que em julho de 2017, o então corregedor-geral do Ministério Público Federal, Hindemburgo Chateaubriand Filho, criticou informalmente a conduta de Dallagnol ressaltando que a gravidade da situação, mas deixou de abrir apuração oficial.

A reportagem é dos jornalistas  Flavio Ferreira, da Folha, Amanda Audi e Leandro Demori, do The Intercept Brasil.

“O caso envolveu a divulgação feita por Deltan de uma palestra dele na qual prometia revelações inéditas sobre a Lava Jato e que teria cobrança de ingresso dos participantes”, informa a reportagem.

“Venha conhecer pessoalmente os procuradores da Lava Jato em Curitiba e ficar por dentro do que está acontecendo na operação – em primeira mão!!”. Era assim que o procurador anunciava a realização de uma palestra, o que provocou duras críticas no próprio Ministério Público Federal, onde o comportamento de Deltan foi reprovado como “circense”, “vaidade” e “estrelismo”.

O procurador Vladimir Aras chegou a aconselhar Deltan a evitar “a monetização da Lava Jato”.

A palestra fazia parte de um plano de Deltan de faturar dinheiro com a promoção da Operação Lava  Jato.

Na época, Deltan planejava criar uma empresa de palestras para lucrar com a fama alcançada na Lava Jato. O projeto do procurador era lucrar R$ 400 mil com a atividade no ano passado.

Hindemburgo reprovou a conduta de Deltan, que foi obrigado a alterar o teor da publicidade da palestra.

“Ao contrário de vcs [integrantes da Lava Jato], todos q se encontravam na reunião discordaram da atitude. É éramos vários. Além deles, recebi de outras pessoas tb em tom de severa crítica. Lembre-se q vcs falam na condição de interessados. O q eu lhe disse é q do jeito q estava apresentado o post, o anúncio era o da venda de informações em primeira mão sobre a lava jato. Era o mesmo q chamar uma entrevista coletiva e cobrar entrada, pouco importa a destinação do dinheiro. Isso para mim seria bastante grave, independentemente do q vcs pensam”, disse o corregedor-geral.

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