CPI da Covid: “Pare de molecagem”, diz Humberto Costa a Bolsonaro por ataques a senadores

Na sessão desta quarta-feira (26) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, o senador Humberto Costa (PT-PE) criticou o presidente Jair Bolsonaro por atacar parlamentares da comissão. “Aja como presidente. Tenha decência. Pare de molecagem”, disse.

“Acho que não cabe a um presidente da República, que deveria ter a devida compostura do cargo, que deveria respeitar a liturgia do cargo e da sua função, para todo dia fazer piadinha com os senadores aqui. É se rebaixar demais”.

“Sei que me atacou porque está com medo do que essa CPI vai mostrar“, disse.

“Quero deixar registrado o meu espanto em ver alguém que exerce a função mais importante da República a se baixar à função de fazer galhofas contra senadores”, acrescentou.

“Não há no mundo presidente da República que haja de maneira tão vil quanto esse cidadão”.

Nesta quarta-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro chamou o senador Humberto Costa de “vampiro da Saúde” e afirmou que o mesmo “não sabia nada” sobre o apoio do Ministério da Saúde e do Governo Federal a Manaus.

Humberto Costa lembrou dos ataques feitos por Bolsonaro ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), quando esteve em viagem oficial ao Alagoas. O presidente chamou o senador de “picareta” e “vagabundo”.

“Sempre tem algum picareta, vagabundo, querendo atrapalhar o trabalho daqueles que produzem. Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no nosso país. É um crime o que vem acontecendo nessa CPI”, declarou Bolsonaro.

Em sua live semanal, Bolsonaro também investiu contra os parlamentares opositores e independentes da CPI. “Não dá para ouvir tudo [da CPI], né? Primeiro que é uma xaropada, raramente tem um senador ali… Raramente não, têm senadores bem intencionados, que fazem um grande trabalho. Agora tem uns quatro ali que pelo amor de Deus. Sabem tudo”, ironizou.

O filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), também provocou o relator, durante sessão da CPI, após Renan pedir a prisão do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajgarten, por mentir durante seu depoimento. 

“Imagina a situação: um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como o Renan Calheiros. Olha a desmoralização, estão perdendo a visão do todo. Você é um vagabundo, rapaz”, afirmou Flávio Bolsonaro.

Renan reagiu: “Aos pregadores do ódio, vimos o filho do presidente vir aqui com a missão de fazer uma única coisa: ofender e escrachar. Minha resposta é este número de vítimas […] A resposta a essas ofensas é aprofundar a investigação”. O senador usa uma placa com o número de mortes pela Covid no Brasil.

Na semana passada, o presidente também ameaçou os senadores do Amazonas, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD), e Eduardo Braga (MDB) e insinuou acabar com a Zona Franca de Manaus, um dos principais polos de desenvolvimento econômico do estado.

“O Presidente pode ameaçar a mim, ao Eduardo, mas ao ameaçar a Zona Franca de Manaus o negócio é mais embaixo. É preciso respeitar os amazonenses, porque ele não pode ameaçar algo que é garantido por lei, que assegura o sustento e a vida de tantos amazonenses”, rebateu Aziz no Twitter.

Artigo anteriorDeputado Daniel Silveira volta a negar ter gravado reunião do PSL
Próximo artigoDiretor de área responsável pelo Enem deixa cargo no Inep