247 – Quando o ex-presidente Lula, o político mais popular da história do Brasil, que recebia convites para realizar palestras em todo o mundo, se tornou alvo de um processo de guerra judicial para ser preso e depois excluído da disputa presidencial de 2018, o jornalista Merval Pereira, do Globo, foi um dos protagonista da campanha midiática contra Lula.
Em julho de 2017, por exemplo, ele escreveu que Lula precisaria explicar suas palestras.
“Quando bloquearam R$ 600 mil da conta corrente do ex-presidente Lula – é espantoso alguém ter essa quantia em conta corrente – o PT soltou uma nota dizendo que ele ia passar fome.
Um dia depois, aparecem R$ 9 milhões em planos de previdência privada. Lula tinha toda condição de ser milionário, diante do preço que cobrava pelas palestras que diz ter feito a partir de 2010, mas precisa comprovar que elas existiram e que não eram alguma contrapartida de empreiteiras.
A explicação fica complicada porque um dos diretores da Odebrecht afirmou ter sido preparado um esquema, com as palestras, para que o ex-presidente tivesse uma boa aposentadoria”, postou Merval em sua coluna.
Neste domingo, no entanto, é Merval quem tenta se explicar após ser acusado por Jair Bolsonaro de receber R$ 375 mil por uma palestra do Senac. “Na verdade, não recebi esse total, pois o programa foi interrompido, e acabei dando 13 palestras, que foram noticiadas nos jornais locais, em informes publicitários da Fecomércio do Rio, em sites, e filmadas. As palestras eram abertas a representantes do comércio, da indústria, da educação, políticos locais, estudantes. Foram as seguintes as cidades das palestras: Angra dos Reis (30/3/2016); Miguel Pereira (14/4); Três Rios (28/4);Volta Redonda (5/5/); Barra do Pirai (19/5); Teresópolis (16/6); Valença (9/6); Barra Mansa (14/7); Rio das Ostras (28/7) Petrópolis (11/8); Rio de Janeiro (7/12/); Cabo Frio (16/3/2017); Niterói (25/5/2017)”, escreveu Merval neste domingo.
No caso de Merval, cai bem um verso de Geraldo Vandré que se referia a um “dia que já vem vindo, que este mundo vai virar”… Está na canção Aroeira, do disco Canto Geral, lançado naquele ano de contestações. E encaixa bem nos resultados colhidos por setores da imprensa comercial em relação ao governo Lula: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.