É inegável que muita coisa mudou na “arte de fazer política” nos últimos 20 anos para a felicidade da imensa maioria do povo deste imenso Brasil Varonil, que já não suportava tanta baboseira enlatada em época de eleição.
“Acabaram-se” com a distribuição de brindes (telha, geladeira, madeira, etc.e tal), tiraram dos palaques – que pena – as belas dançarinas de boi e, ainda bem, tiraram do mapa as festanças eleitoreiras, promovidas à base de farta distribuição, gratuita, também nas aspas, de tonéis e mais tonéis de chope gelado para adocicar o voto do eleitor.
Infelizmente esqueceram-se de acabar com o cinismo, com a demagogia e, sobretudo, com a falsidade de muito político, desconectado e descontextualizado, que acredita que ainda vive nos velhos tempos que “boto emprenhava urnas no interior do Amazonas”.
Um sorriso aqui, um abraço, ali, um aperto de mão acolá.
Tudo bem, isso faz parte do jogo.
Mas os tempos mudaram. O eleitor está mais politizado e consciente de que ele é o cara, o dono legítimo do mais precioso instrumento do jogo democrático que nada mais é do que o voto.
À propósito do gari, fotografado ao lado ao governador José Melo, ele (o eleitor) sabe que os afagos, as palavras adocicadas e o sorriso do lagarto são parte integrante de uma peça meramente teatral e que, amanhã, no mundo sem fantasia, tudo deixa de existir.
Veja que na segunda foto, ao lado do mesmo gari, não aparece o governador José Melo. E nem aparecer. Afinal, os tempos que sentava e comia ao lado do caboclo no seringal já não existe havia mais de 50 anos.
José Melo agora é governador. A calçada lhe faria mal. Ela deprime, humilha… Depois, não é lugar para o ser humano, para o trabalhador cansado, sentar e fazer a sua refeição.
Por isso, Melo não aceitou o convite para dividir as quentinhas com a peãozada.