Deputados transformam sessão pré-impeachment em Circo de Selfies e ‘Fantasias’

A disputa do impeachment da presidente Dilma Rousseff ganhou ar de festa no plenário da Câmara dos Deputados. A fim de ganhar pontos com os eleitores, deputados têm feito selfies e chegaram a soltar confetes.

Gritos e cartazes de “não vai ter golpe” e “fora PT” passaram a fazer parte do cenário, e uma faixa verde e amarela no pescoço virou figurino dos oposicionistas.

Ao final dos discursos do PSOL neste sábado (16), deputados governistas estenderam uma faixa com “fora, Cunha”, em referência ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu da Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.

Em reação, aliados do peemedebista levantaram cartazes de “tchau, querida”, em uma mensagem irônica para Dilma.

O tumulto fez o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP), que presidia a sessão, puxar a orelha dos deputados.

“Esta presidência solicita aos senhores deputados que mantenham silêncio no plenário. A nossa sessão precisa continuar. E, nesse clima, não temos condições de ouvir deputados que estarão indo à tribuna. Portanto, solicito aos senhores deputados que mantenham o mínimo de silêncio no plenário”, afirmou.

Conhecido pelos discursos inflamados, o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE) cantou Coração Valente, jingle da campanha de Dilma em 2014. A performance foi publicada no Facebook do deputado JHC (PSB-AL), que fazia transmissões ao vivo durante as discussões.

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Em um vídeo selfie postado em sua página no Facebook, o deputado Evandro Gussi (PV-SP), favorável ao afastamento de Dilma, chegou a comparar o momento atual com a abolição da escravatura no Brasil.

“A lei social mais importante da história do Brasil, a Lei Áurea, que liberta os escravos, foi aprovada num domingo. E num domingo também nós viveremos uma libertação do Brasil”, afirmou.

Na madrugada de sexta-feira para sábado, o deputado Wladimir Costa (SD-PA) chegou a disparar um rojão de confetes.

“É isso que eles dão, um tiro no coração, aumentando a prostituição infantil, aumentando o índice de criminalidade, aumentando a agressão aos deficientes, aumentando a agressão ao índio, desrespeitando as pessoas que moram na rua”, disse após o estampido no meio do discurso às 3h30.

Logo no início dos trabalhos, Cunha já havia chamado a atenção dos colegas.

“Eu peço, em primeiro lugar, que se respeitem os oradores, que haja o devido silêncio de respeito (…) . Em segundo lugar, eu peço que, quando o orador estiver na tribuna, não haja ninguém atrás ou do lado dele, com objetivo de qualquer natureza, seja para perturbar, seja para confundir.”

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