Desautorizado por Bolsonaro, general Mourão diz que não é “anencéfalo”

Desautorizado por Jair Bolsonaro em entrevista ao Jornal Nacional, o candidato a vice do capitão, general Hamilton Mourão, disse que não é “anencéfalo”. “Falei para ele proceder com sua visão. Tenho minhas críticas. Agora, o presidente, como ele disse, é ele. Só não sou um vice anencéfalo. Tenho minhas opiniões”, disse Mourão à Andrea Saddi, repórter da Globo, nesta terça-feira (9).

Mourão tinha falado, em palestra a empresários, que o Brasil precisa de uma nova Constituição, escrita por “notáveis” que não seriam eleitos pela população. Também defendera um “autogolpe” por parte do presidente com apoio das Forças Armadas.

Já Bolsonaro, em entrevista ao Jornal Nacional nessa segunda-feira (8), afirmou que apesar de Mourão ter uma patente acima da sua, o capitão é quem será presidente da República. “Ele é general, eu sou capitão. Mas eu sou o presidente. O desautorizei nesses dois momentos. Ele não poderia ir além daquilo que a Constituição permite. Jamais eu posso admitir uma nova constituinte, até por falta de poderes para tal. E a questão de autogolpe não sei, não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento. Mas isso não existe”, disse o candidato do PSL. Bolsonaro errou o nome do vice duas vezes na entrevista, o chamando de “Augusto” ao invés de “Hamilton”.

A declaração de Mourão ao dizer que não é “anencéfalo” lembra a carta escrita pelo então vice-presidente de Dilma Rousseff, Michel Temer, em dezembro de 2015, no qual reclamou de ser um “vice decorativo”. A carta deu o sinal verde para o golpe contra Dilma.
Na entrevista ao JN, Bolsonaro disse também que faltava a Mourão “tato” e “experiência política”.

O governador do Maranhão, Flavio Dino, criticou a chapa e alertou para o perigo de um golpe: “Ou seja, se ele vencesse a eleição, não poderia sequer viajar a outros países, sob pena de entregar o Brasil a uma pessoa sem tato e sem experiência política. E se esse general, hipoteticamente sendo vice-presidente, se zanga e resolve inventar um golpe? Que perigo, meu Deus.”, escreveu em sua página no Facebook.

Leia a entrevista completa no G1.

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