Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro trimestre deste ano atingiram R$ 15,1 bilhões, uma queda de 17% em comparação a igual período do ano anterior. O chefe do Departamento de Políticas Operacionais e Informação do banco, Tiago Soeiro, destacou, entretanto, que já se percebem sinais de melhora da atividade econômica, indicando recuperação da demanda por recursos da instituição, principalmente para bens de capital.
”O que a gente está percebendo é que as operações da linha Finame (para aquisição de máquinas e equipamentos) já têm um aumento nas aprovações de 32% nesse comparativo (trimestre). Já aparecem sinais de que está melhorando a entrada de operações no BNDES. Isso não acontecia há muito tempo”, disse. Segundo ele, a tendência de melhora poderá se traduzir em trajetória positiva ao longo deste ano. Entre janeiro e março de 2017, as aprovações de projetos no âmbito da Finame somaram R$ 4,1 bilhões, contra R$ 3,4 bilhões nos três primeiros meses de 2016.
Ainda sobre a linha Finame, Tiago Soeiro disse que surpreendeu o aumento de 128% nos desembolsos para aquisição de bens de capital, exceto ônibus e caminhões e modernização da frota agrícola, comparando trimestre por trimestre. Os números subiram de R$ 500 milhões, no primeiro trimestre de 2016, para R$ 1,2 bilhão, entre janeiro e março deste ano.
Desaceleração
O ritmo de queda dos desembolsos apresenta uma desaceleração, segundo o BNDES. Tiago Soeiro disse que a previsão é que os desembolsos alcançarão um ponto de estabilidade em 12 meses, porque fatores econômicos e políticos interferem nos recursos liberados pelo banco. Os sinais positivos observados no Programa de Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (Progeren), que financia capital de giro para empresas com dificuldade de acesso a crédito de curto prazo, contribuem para isso, de acordo com Soeiro. “Tem muita procura por crédito no Progeren”, disse. Foram desembolsados por meio dessa linha R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre de 2017, com alta de 345% em relação ao mesmo período do ano passado. O valor equivale a mais da metade dos recursos liberados em todo o ano passado (R$ 2,7 bilhões). “Isso é importante para o desempenho dos desembolsos ao longo do ano”, acrescentou.
Por setores, a agropecuária recebeu R$ 3,3 bilhões, aumento de 6% em relação ao primeiro trimestre de 2016, enquanto infraestrutura teve empréstimos de R$ 5 bilhões (queda de 13%); comércio e serviços receberam R$ 3,6 bilhões (retração de 2%); e indústria registrou liberações de R$ 3,1 bilhões, com redução de 43%, a maior queda na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
Soeiro destacou que muitas operações enquadradas e aprovadas no ano passado ainda não entraram nas estatísticas deste ano. Segundo ele, as aprovações no âmbito da linha Finame, para gerar desembolsos, apresentam demora aproximada de três meses. O chefe do Departamento de Políticas Operacionais do BNDES esclareceu que, nos desembolsos totais deste ano, 50% se referem a projetos aprovados no próprio exercício, 25% são projetos aprovados em 2016 e os outros 25% são projetos aprovados em anos anteriores.
“Existe uma inércia muito grande no desembolso. Por isso, ele não é um bom indicador para perceber a mudança na economia. A aprovação, a consulta que está entrando agora são bons indicadores. Tem que observar os enquadramentos e aprovações no BNDES, porque eles vão antecipar o momento do apoio do banco se tornar mais relevante”, afirmou.
Soeiro disse que, ao longo do ano, serão sentidos os reflexos da determinação do BNDES de reduzir os prazos de análise e liberação de desembolsos. Segundo a presidente do banco, Maria Sílvia Bastos Marques, a meta é reduzir os prazos de tramitação no banco a 180 dias, com isso, metade dos pedidos de financiamento que o banco aprovar até o final do ano será dentro desse prazo, o que acabará gerando impacto positivo mais à frente. Atualmente, o tempo médio de tramitação é de 310 dias.
Microempresas
No acumulado dos três primeiros meses do ano, foram liberados pelo BNDES para micro, pequenas e médias empresas R$ 6,2 bilhões em 80 mil operações, o que corresponde a 41% de todos os empréstimos concedidos no período. Segundo o banco, essa é a maior fatia de desembolsos da instituição destinada a esse segmento em um trimestre, nos três últimos anos.
Apesar disso, as liberações para o segmento como um todo caíram 11%, resultado do aumento de 27% nos desembolsos para médias empresas e redução de 33% para microempresas. Para as empresas de grande porte, foram liberados no primeiro trimestre do ano R$ 8,8 bilhões, com retração de 20% em relação a igual período anterior.