O prefeito de Manacapuru, Washington Régis, é daqueles políticos para quem jornalista bom é aquele que o bajula e ruim todos os que o questionam. Hoje fui abordado por ele de forma ríspida, no encontro do PMDB, partido ao qual ele pertence. Veio me esculhambar porque eu disse que ele se omitira enquanto adversários do seu líder partidário, o senador Eduardo Braga, usavam as cirandas para colher assinaturas que possibilitassem a criação do Partido Liberal, legenda cultivada pelo vice-governador José Melo.Régis tem assessores de imprensa. Poderia ter enviado uma nota ao blog contestando a informação. Não o fez. Até porque ela é verdadeira. Preferiu me abordar e desabafar.
Disse ele, sem me dar chance de resposta: “Eu não sou de me esconder. Você ficou com medo de denunciar quem realmente estava colhendo aquelas assinaturas, que era o Josuezinho (o deputado estadual Josué Neto), só porque o pai dele (o ex-deputado e atual conselheiro do Tribunal de Contas, Josué Filho) tem uma rádio? Pois eu não me omito.” E foi embora do jeito que apareceu, abruptamente, interrompendo uma conversa com um amigo jornalista.
Como todo político que se traveste de moderno, mas tem um pé no coronelato de barranco, Régis estava acompanhado por um brutamontes que ficou me encarando o tempo todo.
O leitor há de observar facilmente, no comentário que fiz, que eu remeto a uma matéria publicada por A Crítica. Nela Josué é citado como responsável por abordar os dirigentes das cirandas em busca das assinaturas. Não foi este o foco do meu post. E, outrossim, quem acompanha o blog sabe não tenho medo de ninguém, nem de Josué Neto, a quem critiquei no episódio Ricardo Nicolau.
Agora, pense comigo, leitor: você acha que o prefeito de Parintins não saberia se alguém estivesse procurando o Caprichoso e o Garantido para colher assinaturas de criação de um partido político? E se essa iniciativa fosse de um adversário, você não acha que o prefeito interferiria?
Pois é, Régis ficou caladinho enquanto as cirandas eram usadas pelos adversários do seu partido. E depois que A Crítica denunciou continuou calado. Ontem aproveitou para desabafar.
Não fiz questão de ir atrás dele bater boca porque isso não é do meu estilo e não mudaria a situação. Além disso, fiquei constrangido com seu estado de saúde. Durante a solenidade, sequer conseguiu segurar o microfone, ao discursar.
Mas, afinal, cada um sabe, ou deveria saber, o que faz.