O fim de semana sangrento pelo qual passou a cidade de Manaus demonstrou mais que a fragilidade do Sistema de Segurança Pública Estadual. Além do pânico que chegou a esvaziar as rua da cidade, os acontecimentos denunciaram a profunda omissão do Governador José Melo diante da mais grave chacina já registrada no Amazonas.
Até ontem, Melo sequer havia lamentado as mortes e a possibilidade de envolvimento da polícia nos crimes. Se manteve como coadjuvante diante dos fatos que foram destacados pelo The New York Times e a BBC de Londres, dois dos maiores e mais respeitados canais de comunicação do mundo.
Em sua única aparição para falar ao público sobre o assunto que ocupou as manchetes do Brasil e do mundo, melo destacou a criação de um grupo especial chamado de “crise”, que fará um estudo sobre os acontecimentos para apresentar resultados práticos. Se for como no caso de corrupção denunciado pelo Fantástico em março, em que o Governo contratou uma empresa fantasma que levou R$ 1 milhão dos cofres públicos durante a Copa de 2014, vai demorar para que a sociedade tenha elucidadas as 38 mortes.
O posicionamento omisso e até displicente de Melo em relação aos problemas do Estado já pôde ser notado em outros casos, como na recente matéria veiculada pelo Jornal Nacional que denunciou a falta de recursos básicos como esparadrapos no hospital 28 de agosto, em Manaus. Na ocasião, o Governador chegou a dar entrevistas, sempre transferindo a responsabilidade pelos problemas e desferindo uma pérola que dá o tom da sua distância da realidade: “O fato de ter filas, significa que o sistema de saúde do Amazona funciona”.
Dezenas de processos por corrupção e condutas vedadas em período eleitoral que tramitam na justiça e que estão em fase final de análise, estão ocupando o pensamento do Governador, hoje muito mais preocupado em manter-se no cargo do que exercê-lo com a atenção, firmeza e competência necessária. (Portalbaré.com)