A ex-presidente Dilma Rousseff criticou e chamou de misoginia – ódio, desprezo ou preconceito contra mulheres – a denúncia contra as senadoras Ângela Portela (PDT-RR), Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Regina Sousa (PT-PI) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que ocuparam a Mesa do Plenário durante a sessão em que foi votada a reforma trabalhista.
“Misoginia é a comissão de ética do Senado aceitar denúncia contra as seis senadoras que ousaram tentar impedir a destruição da CLT”, afirmou a ex-presidente, em seu perfil no Twitter.
Nessa quinta-feira (13), o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado recebeu um pedido para que seja reconsiderada a denúncia. O documento é assinado pelas senadoras denunciadas e apoiado por outros 21 senadores.
O pedido de reconsideração foi juntado à documentação da denúncia, que já foi aceita pelo presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), e já pode ser analisada pelo plenário do órgão.
No pedido, as senadoras argumentam que a denúncia foi originalmente apresentada como uma representação, modalidade que poderia ser ajuizada apenas pela Mesa ou por um partido político – o autor da peça foi o senador José Medeiros (PSD-MT), com apoio de 14 colegas. Apenas durante o processo, argumentam as senadoras, é que a tipificação do documento mudou para denúncia – que pode ser apresentada por um único senador. As informações são da Agência Senado.
Elas também alegam que não há individualização de condutas na denúncia, o que deveria acarretar a nulidade do processo.
Quanto ao mérito, as senadoras argumentam que ocupar lugares à Mesa do Plenário é uma conduta corriqueira e legítima aos parlamentares e não deveria ser enquadrada como quebra de decoro parlamentar. Elas também observam que o presidente do Senado, Eunício Oliveira, não foi impedido de exercer suas prerrogativas, uma vez que usou um microfone para suspender a sessão e, posteriormente, para reiniciar os trabalhos.
Além disso, as senadoras acusadas lembram que, em 2009, o então senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) ocupou a cadeira da Presidência para reivindicar a leitura de um requerimento de criação de comissão parlamentar de inquérito (CPI). Na ocasião, ele não foi denunciado ao Conselho de Ética, o que demonstra, na opinião das senadoras, que essa ação é “ato próprio da tática política no parlamento.
O pedido de reconsideração é apoiado pelos senadores Armando Monteiro (PTB-PE), Ciro Nogueira (PP-PI), Elmano Férrer (PMDB-PI), Hélio José (PMDB-DF), Humberto Costa (PT-PE), Jader Barbalho (PMDB-PA), Jorge Viana (PT-AC), José Pimentel (PT-CE), José Serra (PSDB-SP), Lindbergh Farias (PT-RJ), Lúcia Vânia (PSB-GO), Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Paulo Paim (PT-RS), Paulo Rocha (PT-PA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Reguffe (sem partido-DF), Roberto Requião (PMDB-PR), Telmário Mota (PTB-RR), Vicentinho Alves (PR-TO), Wellington Fagundes (PR-MT).
Ciro Nogueira e Elmano Férrer também foram signatários da denúncia contra as seis senadoras.